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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Oposição deve enfrentar crise de identidade precoce em 2023

Fiasco de Bolsonaro na reforma tributária acelera formação de cordão sanitário em partidos que abraçaram a direita

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Quando ainda vivia sua reabilitação eleitoral nos EUA, Jair Bolsonaro não sonhava apenas em liderar a direita. Ele pretendia ser o operador de uma oposição a Lula. Em entrevista ao Wall Street Journal, o ex-presidente avisou que trabalharia para aprovar no Congresso uma pauta liberal na economia e barrar uma agenda de esquerda nos costumes.

A articulação contra a reforma tributária foi o fiasco inaugural de Bolsonaro. Além de expor uma fratura na oposição, a derrota do capitão acelerou a formação de um cordão sanitário nos partidos de direita.

Nos últimos dias, chefes das três legendas do antigo núcleo bolsonarista mandaram o mesmo recado. Marcos Pereira (Republicanos) disse que Bolsonaro só representa a "extrema direita". Ciro Nogueira (PP) escreveu que a oposição não tem "licença para ser irresponsável" e anunciou que seu partido votará a favor de algumas propostas de Lula.

Até Valdemar Costa Neto (PL) liberou seu partido para apoiar projetos do governo em troca de emendas. O recado foi um salvo-conduto para deputados que votaram a favor da reforma e viraram alvo de um linchamento digital de bolsonaristas.

A oposição passa por uma crise de identidade precoce. Os partidos que abraçaram a direita ganharam corpo com o ex-presidente e se beneficiaram de sua gritaria. Agora, o grupo reduz o espaço de Bolsonaro, refaz planos para o próximo ciclo eleitoral e se aloja na máquina de Lula.

No primeiro semestre do ano, quem mostrou força na liderança da oposição não foi Bolsonaro. Arthur Lira e aliados foram os únicos capazes de incomodar Lula e ameaçar os planos do presidente no Congresso. A possível entrada do centrão no governo anestesia essa ameaça.

O plano desses partidos é executar o que chamam de "oposição responsável" para limitar Bolsonaro ao papel de cabo eleitoral. Esses políticos reconhecem que qualquer candidato de direita será dependente do apoio do ex-presidente, mas pretendem controlar os prejuízos que seu estilo pode causar.

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