Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Bruno Boghossian

Colisão com Tarcísio indica que Bolsonaro escolheu Bolsonaro

Ex-presidente aposta em oposição obsessiva para preservar monopólio do antipetismo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tarcísio de Freitas mostrou aos súditos de Jair Bolsonaro que o rei estava nu. "Eu acho arriscado para a direita abrir mão da reforma tributária", disse o governador numa reunião do PL, ao lado do ex-presidente.

Os dois buscaram rotas distintas no debate da reforma tributária. Fiel ao próprio personagem, Bolsonaro escolheu o caminho da oposição sistemática para atravessar os quatro anos de Lula. Tarcísio optou por algum verniz ideológico, até para fabricar uma marca que o diferenciasse, aos poucos, do antigo chefe.

Se a colisão era inevitável, é revelador que ela tenha ocorrido menos de uma semana depois que Bolsonaro foi declarado inelegível. A celeridade da trombada pública entre padrinho e afilhado expõe um campo político tomado por desconfianças patológicas e ambições particulares.

Bolsonaro não precisava partir para o ataque contra a reforma tributária, uma proposta que nasceu sem o carimbo da esquerda e que provavelmente seria aprovada com votos de partidos que eram de sua base aliada pouco mais de seis meses antes.

O ex-presidente, porém, agarrou a primeira oportunidade que surgiu depois da derrota no TSE para tentar exibir algum poder de fogo. O objetivo inicial era demonstrar liderança sobre a direita bolsonarista, evitando um vácuo que poderia ser ocupado por nomes como Tarcísio.

Bolsonaro também tenta usar o que chama de "reforma do PT" para preservar um certo monopólio do antipetismo. Enquanto parte da direita vota com o governo em algumas pautas (por convicção ou barganha), ele ensaia uma oposição obsessiva, em busca da credencial de única alternativa genuína a Lula.

Aliados graúdos afirmam que Bolsonaro alimenta uma ilusão de voltar às urnas e vende a tese sebastianista de que os tribunais podem rever sua inelegibilidade caso Lula conduza o país a um desastre. É por isso, dizem esses políticos, que ele quer trabalhar contra o governo, evitar a nomeação de um sucessor e fechar portas para potenciais concorrentes. Bolsonaro escolheu Bolsonaro.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante evento em junho - Zanone Fraissat/Folhapress

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.