Bolsonaro diz que volta ao Brasil em março para liderar oposição a Lula

Ex-presidente afirma ao Wall Street Journal que, se voltasse no tempo, não diria nada sobre a pandemia e deixaria a questão para o Ministério da Saúde

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São Paulo

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que está nos Estados Unidos desde 30 de dezembro, disse que voltará ao Brasil em março para liderar a oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ele mencionou a data em entrevista ao Wall Street Journal e afirmou, segundo o jornal, que o movimento de direita no Brasil está vivo e vai continuar.

Bolsonaro viajou para a Flórida antes de terminar o mandato e rompeu a tradição de passar a faixa para seu sucessor, evitando um encontro com o adversário Lula.

O ex-presidente vinha indicando nas últimas semanas que retornaria ao Brasil em breve, mas não havia especificado uma previsão de data.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante palestra em Miami no último dia 3 - Chandan Khanna 3.fev.2023/AFP

Ao WSJ ele disse que perder faz parte em uma eleição e que não dá para falar em fraude, mas que o processo foi enviesado, o que o jornal descreveu como uma aparente tentativa de moderar as críticas ao sistema eleitoral brasileiro, depois de nunca ter reconhecido abertamente a derrota para Lula.

Bolsonaro também rebateu na entrevista as tentativas de associá-lo aos ataques de 8 de janeiro em Brasília, argumentando que nem sequer estava no Brasil na data e que é inocente.

Minimizando os atos promovidos por apoiadores de sua candidatura, ele sugeriu ser inapropriado falar em tentativa de golpe porque não existiam na ocasião comandantes, tropas e bombas.

Cercado por investigações que analisam tanto sua eventual responsabilidade nos atos violentos quanto a prática de abusos na campanha que podem torná-lo inelegível, o ex-presidente disse que está ciente das possíveis consequências de seu retorno ao Brasil, o que incluiria o risco de ser preso. Ele lembrou o caso do ex-presidente Michel Temer (MDB), que foi parar na prisão após deixar o cargo.

O ex-mandatário afirmou ainda que se vê como o líder nacional da direita e que não há ninguém mais apto no momento a assumir o papel de organizador desse grupo. O ex-presidente indicou que apoiará candidatos conservadores nas eleições municipais do ano que vem.

Bolsonaro afirmou na entrevista, ao ser questionado se faria algo diferente durante a pandemia de Covid-19 caso pudesse, que não iria dizer nada sobre o assunto, deixando a questão para o Ministério da Saúde. Disse ainda que sua frase de que pessoas que fossem vacinadas virariam jacaré foi apenas uma força de expressão.

No início deste mês, Bolsonaro disse, em entrevista a um influenciador de direita americano que apoia o ex-presidente americano Donald Trump e é investigado por envolvimento na invasão ao Capitólio em 2021, que seu retorno ao Brasil ocorreria nas semanas seguintes.

Como noticiou o Painel, há a possibilidade de o ex-presidente passar por uma cirurgia assim que desembarcar no país por causa de problemas de saúde relacionados à facada sofrida na campanha de 2018. O médico Antônio Luiz Macedo, que cuida dele deste o atentado, disse estar de prontidão para o procedimento no intestino do paciente.

Ao WSJ Bolsonaro ironizou a recente visita de Lula aos Estados Unidos para encontro com o presidente Joe Biden e disse que o petista viajou ao país com o único objetivo de ser o centro das atenções.

A agenda foi vista como bem-sucedida pelo governo brasileiro, que considerou se tratar de uma retomada das relações diplomáticas entre os dois países após a saída de Bolsonaro da Presidência.

O ex-mandatário saiu do Brasil no dia 30 de dezembro, um dia antes de encerrar o mandato, e rompeu a tradição democrática ao não passar a faixa presidencial para Lula.

Bolsonaro solicitou visto de turista para permanecer mais tempo nos Estados Unidos. Ele chegou ao país com o visto diplomático e tinha 30 dias para mudar esse status a partir do momento em que deixou o cargo.

O escritório de advocacia contratado por Bolsonaro solicitou um visto B2 para o ex-presidente. O documento permite a permanência por até seis meses no país, mas não autoriza a realização de atividades remuneradas, o que atrapalharia o plano de financiar a estadia com palestras para empresários.

Em declaração dada em evento nos Estados Unidos, o ex-presidente afirmou que, por ter avós nascidos na Itália, é italiano e enfrentaria pouca burocracia para solicitar a cidadania ao país.

"Pela legislação, eu sou italiano. Tenho avós nascidos na Itália, e a legislação de vocês diz que eu sou italiano. Pouquíssima burocracia e eu teria cidadania plena", afirmou ao ser questionado por uma repórter do jornal Corriere della Sera se havia solicitado cidadania italiana.

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