Siga a folha

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Crise econômica virou paisagem e mudou eleição na Argentina

Ciclo anestesiou parte da população, mas também criou demanda por remédios alucinantes

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Uma questão recorrente nos estudos eleitorais envolve as razões pelas quais, em alguns casos, a população vota contra seus interesses econômicos. A dúvida costuma surgir quando o partido que governa durante uma recessão consegue permanecer no poder ou quando grupos mais pobres apoiam um candidato que promete cortar gastos sociais.

A votação na Argentina representa um desafio para a análise do comportamento do eleitor. O governista Sergio Massa assumiu a liderança da votação de um país sob inflação desenfreada. O artista da motosserra Javier Milei acumulou simpatia em regiões de baixa renda e, depois, esbarrou num ponto de estagnação.

As sucessivas crises na economia se integraram à paisagem eleitoral argentina. Alguns analistas suspeitam que esse ciclo anestesiou parte da população e produziu a sensação de que nenhum governante resolverá o problema. Ao mesmo tempo, criou uma demanda por remédios alucinantes e aumentou a relevância de pautas antes secundárias.

Javier Milei e Sergio Massa, candidatos que disputarão o segundo turno na eleição presidencial argentina - Luis Robayo/AFP

Milei não se saiu melhor que seus concorrentes de direita por ter um programa econômico lúcido. O candidato chamou atenção com temas laterais, como a liberação de armas, e transformou a insatisfação com a crise num sentimento contra a elite política. Capturou o eleitor desiludido ao apostar na solução exótica do estrangulamento do Estado.

O governismo reagiu. Num país com alta dependência de uma rede de proteção social, Massa turbinou artificialmente essas despesas e vinculou o rival ao corte dos benefícios. Encarnou o excêntrico político que admite a gerência da ruína econômica, mas apresenta como virtude a responsabilidade por ações paliativas para enfrentá-la.

O desempenho de Massa dependerá do crédito dado pelo eleitor a esse estado precário da gestão econômica, além do medo de saltar no escuro com seu rival. Milei, por sua vez, terá que convencer os argentinos de que o país sobreviveria ao abalo de suas estruturas, com possíveis repercussões em sua democracia.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas