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Cristiane Gercina é mãe de Luiza e Laura. Apaixonada pelas filhas e por literatura, é jornalista de economia na Folha

Nada é mais difícil na maternidade que a adolescência de um filho

Sei que vai passar, mas, agora, parece que ainda falta uma eternidade

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São Paulo

Em 2022, atingi grandes números na história da minha maternidade. Minha filha mais velha completou 15 anos em janeiro. A caçula fez dez anos neste mês de julho. E a adolescência chegou com força aqui em casa. Hormônios em alta arrebentando todas as portas.

Para mim, essa tem sido a fase mais difícil da maternidade até agora: adolescência e pré-adolescência juntas. Não que as outras tenham sido fáceis. Não que não possa piorar —eu sei que tem alguma mãe ou pai dizendo isso em silêncio enquanto lê essas linhas.

A adolescência da minha filha mais velha e a pré-adolescência da mais nova são as fase mais difíceis da maternidade - Sladic - Fotolia

A adolescência da mais velha tardou, mas chegou. A pré-adolescência da mais nova apareceu precocemente. Culpo a pandemia. Não sei exatamente quais os efeitos que o confinamento por um vírus letal possa ter causado nos hormônios para fazer com que uma demorasse um pouco mais para demonstrar comportamento típico adolescente e a outra começasse tão precocemente, mas sei que ficar trancado não é bom.

Sei também que o cenário político —com displicência do governo federal na compra de vacina, apostando na imunidade de rebanho e na política de morte— são responsáveis pela confusão ainda maiores de sentimentos.

O fato é que a adolescência e a pré-adolescência chegaram em casa e representam uma dificuldade muito maior do que as noites insones dos primeiros meses de vida e a livre demanda da amamentação dos dois primeiros anos.

Na minha casa, não está acontecendo nada que não ocorra nos lares com adolescentes. Tenho conversado com muitas mães sobre isso. Compartilhar e tentar entender são sempre o melhor caminho. Mas creio que a adolescência de minhas meninas —esse despertar para a vida adulta— esteja coexistindo com o meu despertar para a maturidade, que é o envelhecimento mesmo.

Nessa fase em que todas nós estarmos crescendo —com hormônios em alta ou em baixa—​, as crises existenciais das minhas duas filhas chegam avassaladoras. Eu fico perdida. Como dar o rumo a elas se eu procuro meu novo rumo? Se procuro me colocar neste espaço de ser mãe de duas meninas crescidas e não mais de duas criancinhas?

Tenho transitado por dias longos e noites longas só para elas —dormem demais (ufa!)—, tentando reorganizar a vida em torno das novas necessidades das duas e da minha própria rotina ainda incerta. Sempre associei a maternidade a uma montanha-russa. Hoje, mudo o brinquedo: é aquele que gira e te coloca de cabeça para baixo.

Eu, que nunca gostei de brinquedos radicais, não queria estar neste. Mas sei que tenho que respeitar o tempo da "diversão da vida" e esperar o maremoto passar. Quem já criou filhos tem a resposta na ponta da língua: logo passa. Já eu vivo sensação de "está demorando uma eternidade".

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