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Jornalista especializado na cobertura de esportes olímpicos. Foi repórter e editor de Esporte da Folha e cobriu os Jogos de Tóquio

Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Isaquias e a eterna reinvenção para chegar a cinco medalhas

Ambicioso, canoísta aprendeu a respeitar os próprios limites no ano passado

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Isaquias Queiroz sempre foi uma espécie rara no esporte brasileiro, daquelas que não temem a pressão ao dizer que o grande objetivo nos Jogos Olímpicos é buscar a medalha de ouro. Sair de "pescoço pelado", ou seja, sem nenhuma medalha, nem sequer é cogitado por ele.

"Lógico que estou sendo ganancioso, porque esse é meu combustível, querer cada dia mais medalhas", disse numa entrevista à Folha antes das Olimpíadas de Tóquio. No Japão, o canoísta foi arrasador na prova individual de 1.000 m e subiu ao lugar mais alto do pódio pela primeira vez, depois de duas pratas e um bronze na Rio-2016.

Agora em Paris, outra prata no C1 1.000 m. Muito mais suada do que o ouro há três anos e decidida numa arrancada final. O importante: nada de pescoço pelado. "É gostoso ganhar medalha. Ouro é mais gostoso, mas prata também é", resumiu.

Isaquias alcançou as cinco conquistas dos velejadores Robert Scheidt e Torben Grael. Ser o maior atleta olímpico brasileiro sempre foi uma ambição dele, só que no meio do caminho havia Rebeca Andrade…

Tudo bem, porque recalcular a rota nunca foi um problema para o baiano de Ubaitaba, a terra das canoas. Na infância, Isaquias teve graves queimaduras, aos 3 anos, e precisou retirar um rim, aos 10. No começo da carreira, teve problemas de indisciplina e cogitou largar o esporte.

O encontro definitivo para que o atleta se tornasse o que é aconteceu em 2013, quando o treinador espanhol Jesús Morlán foi contratado para revolucionar a canoagem brasileira. Era uma época de investimentos mais altos às vésperas da Rio-2016. Morlán e o prodígio rebelde formaram uma parceria tão única que o nome do espanhol é indissociável das conquistas de Isaquias até hoje.

Dois anos depois dos Jogos do Rio, o treinador não resistiu a um câncer no cérebro. O então auxiliar dele, Lauro de Souza Júnior, o Pinda, assumiu as rédeas do trabalho, e a conquista de Isaquias em Tóquio foi marcada por emocionantes homenagens de todos ao mestre.

O ciclo para Paris veio com novos desgastes, físicos e mentais, e o atleta resolveu tirar uma espécie de sabático para ficar perto da família em 2023.

Aquele Isaquias ganancioso não existia mais? A dúvida durou até a metade da prova nesta sexta (9), antes de ele remar convicto para a prata. A obsessão dentro da água permanece a mesma, já de olho em Los Angeles-2028.

Mas o canoísta percebeu que medalhas, ainda que muito importantes, não são tudo. Ao admitir para si mesmo que precisava lidar com outras questões da vida (mesmo que isso custasse mais um ouro), Isaquias se reinventou de novo —sem sair do pódio nem perder o carisma.

Doloroso

A lesão de Victória Borges, uma das cinco integrantes do conjunto brasileiro de ginástica rítmica, proporcionou uma das cenas mais tristes da participação do país nos Jogos. Ela foi para o sacrifício na segunda apresentação do dia, mas com muitas limitações, o que causou descontos grandes na nota e impediu a passagem das brasileiras para a final (por apenas uma posição). O esforço arrancou lágrimas e aplausos.

É muito duro que um ciclo promissor, que alimentou esperanças de uma medalha inimaginável pouco tempo atrás, tenha terminado dessa forma.

Mas o futuro pode ser bom. No ano que vem, o Rio de Janeiro sediará o Mundial de ginástica rítmica. Que o conjunto volte ainda mais forte, assim como as atletas do individual, depois do inédito décimo lugar de Bárbara Domingos em Paris.

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