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Nobel de Economia 2023

Claudia Goldin recebe o prêmio por seu trabalho sobre a história econômica das norte-americanas

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Claudia Goldin acaba de receber o Prêmio Nobel de Economia de 2023 por seu trabalho sobre a história econômica das mulheres norte-americanas.

Eu participei da comissão examinadora de doutoramento de Claudia na Universidade de Chicago, em 1972, e admirei como ela utilizou as curvas de oferta e demanda para esclarecer a história da escravidão nos Estados Unidos. Ela passou a aplicar as mesmas ferramentas ao mercado de trabalho feminino.

É claro que estou encantada, por ser eu própria, como ela, uma historiadora econômica e uma usuária entusiástica das curvas de oferta e demanda. O prêmio dado a ela aperfeiçoa muitas das escolhas anteriores do comitê do Nobel e suas repetidas homenagens a economistas financeiros, como se economia fosse sinônimo de como ganhar dinheiro. A ciência econômica deveria ser, em vez disso, uma filosofia sofisticada, que analisasse a economia de uma certa altura —usando, entre outros telescópios, essas curvas de oferta e demanda.

Mas a piada hostil sobre os economistas é que eles são papagaios treinados para responder a todas as perguntas dizendo "oferta e demanda, oferta e demanda".

Claudia admite, sem fazer do tema o cerne de sua pesquisa, que gênero é mais que isso.

As economistas da geração imediatamente posterior à de Claudia (ela nasceu em 1946) que foram mais longe e merecem imensamente o Nobel, mas nunca o receberão, são Nancy Folbre (1952) e Julie Nelson (1956). Mulheres como Nancy e Julie, e muito poucos homens, inventaram um novo campo, a "economia feminista".

Todas essas minhas amigas —Claudia, Nancy e Julie— compartilham raízes intelectuais de um século atrás de algumas mulheres economistas, como Hazel Kyrk (1886-1957), de Chicago, e sua aluna, minha colega Margaret Reid (1896-1991), que aplicaram o pensamento econômico expandido ao agregado familiar.

Mas nas décadas de 1960 e 1970 os homens dominaram, nas pessoas de Jacob Mincer (1922-2006), em Columbia, e Gary Becker (1930-2014), em Chicago. Claudia foi aluna de Becker, junto com o historiador econômico Robert Fogel. Mais tarde, Fogel levou a investigação além da oferta e da demanda e até mesmo à religião. Becker nunca o fez, embora seu aluno, e meu, Laurence Iannaccone (1954), contrariando o conselho de Becker, o tenha feito, inventando mais um campo, o da economia da religião.

Um bom prêmio, mas não pela invenção. O comitê do Nobel admira o trabalho convencional realizado de forma soberba. Mas a inventividade, como a de Folbre ou Iannaccone, nem tanto.
Tradução de Luiz Roberto Gonçalves

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