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Sociólogo, autor de “Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial”. É doutor em geografia humana pela USP.

Descrição de chapéu ataque à democracia

Comédia de erros

A democracia não é fraca; fracos são os políticos que têm a obrigação de protegê-la

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Temos agora o "nosso Capitólio". O desenlace estava escrito no muro. As responsabilidades devem ser divididas em duas partes: o governo bolsonarista de Ibaneis Rocha, do DF, e o governo federal lulista. O primeiro, por cumplicidade ou conivência. O segundo, por leniência.

O governador do DF e seu secretário da (In)Segurança Pública sabiam que dezenas de ônibus dirigiam-se a Brasília. Fingiram mobilizar as forças policiais. Viu-se tudo: os policiais eram em número insuficiente e apenas simularam tentar conter a horda de vândalos. Muitos fizeram selfies com os desordeiros golpistas que invadiam o Congresso, o STF e o Planalto.

Bolsonaristas invadem Congresso Nacional, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília - Evaristo Sá/AFP

E agora? Intervenção federal na segurança pública do DF é o mínimo –e muito pouco. A defesa da democracia exige intervenção federal no governo do DF.

Gleisi Hoffmann, do PT, acusou Ibaneis Rocha. Ela teria absoluta razão –se seu gesto não representasse, também, uma tentativa de ocultar a leniência do governo Lula.

A coisa toda já começou errada. Lula atribuiu a seu ministro da Defesa, José Múcio, a tarefa de desmobilizar os acampamentos golpistas diante dos quartéis. O ministro contemporizou, entregou-se ao papo furado ("atos fazem parte da democracia") e quase se solidarizou com os golpistas ("tenho familiares e amigos lá"), Prometeu, falsamente, que os acampamentos seriam desfeitos até a sexta-feira.

O ponto, porém, é que a repressão ao golpismo jamais deveria ter sido entregue ao ministro da Defesa –não porque ele se chama Múcio, mas por motivos institucionais. Os acampamentos não se situavam dentro dos quartéis. Instalaram-se na rua. Era missão policial, não militar, dissolvê-los. Mas, para contemporizar com altos oficiais de inclinação bolsonarista, Lula transferiu a responsabilidade do Ministério da Justiça para o da Defesa. Deu no que deu.

Flávio Dino pronunciou as sentenças certas, dia após dia. Contudo, foi tolhido pela decisão presidencial de conferir a Múcio a voz de comando. Tudo que podia fazer era "dialogar" com Ibaneis, o cúmplice. E agora? Até quando o governo federal insistirá no erro institucional?

A democracia brasileira não é fraca. Fracos são os políticos que têm a obrigação de protegê-la.

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