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Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

Bolsonaro precisa do tumulto

Problema não está apenas no despreparo, mas na inércia produzida pela inépcia

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Se o capitão Bolsonaro evitasse confrontos irracionais, seu governo mostraria a confusão em que está. Dois episódios ilustram essa anarquia.

No dia 21 de maio, quando já se estava no patamar de mil mortos por dia pela Covid e a pandemia já havia matado 20 mil pessoas, a juíza Gabriela Hardt, da 13ª Vara Federal de Curitiba, mandou um ofício à Casa Civil, oferecendo R$ 508 milhões dos cofres da Lava Jato para remediar a situação. Pedia apenas que lhe dissessem para onde o dinheiro deveria ir. Nada.

Hardt reiterou a oferta a 17 de junho e a Casa Civil respondeu apenas que havia recebido os dois ofícios. No dia seguinte o Ministério da Saúde informou que estava estudando o caso. Nessa altura batera-se a marca do milhão de infectados e 48 mil mortos.

Na semana passada o dinheiro continuava esperando um destino. Os mortos chegam a 70 mil.

(Em meados de abril o Itaú Unibanco anunciou que doaria R$ 1 bilhão para o combate à pandemia. Partindo do zero, criou um conselho, buscou iniciativas e já entregou mais de R$ 156 milhões. Foram 16 milhões de máscaras, 5 milhões de testes rápidos. 190 respiradores, cestas básicas para 7.000 famílias, mais doações à Fiocruz e a hospitais de campanha em São Paulo.)

Durante todo esse tempo esteve natimorto na Casa Civil o tal “Plano Marshall” do ministro-general Braga Netto, reciclado com o nome de Pró-Brasil e detonado pelo doutor Paulo Guedes na fatídica reunião de 22 de abril com poucas palavras: “Não chamem de Plano Marshall, porque revela um despreparo enorme”.

O problema não está apenas no despreparo, mas na inércia produzida pela inépcia.

Gabinete do ódio

A poda que o Facebook impôs à rede do gabinete do ódio levará a investigação da usina de mentiras para a antessala do capitão. Seu assessor Tércio Arnaud Tomaz é quase uma sombra dos Bolsonaros. Ele operava as redes “Bolsonaro Opressor”. Um exemplo saído de seu conteúdo: “Para quem pede Dallagnol na PGR... O cara é esquerdista, estilo PSOL”.

Aos 32 anos, Arnaud fez uma carreira meteórica. Saiu de Campina Grande (PB) para a campanha dos Bolsonaros e dela para o Planalto. Há meses ele caiu no radar do ministro Alexandre de Moraes.

O Facebook derrubou 88 contas, e a documentação que levou a empresa a tomar essa decisão está disponível para os investigadores.

Gabeira e as alas

Fernando Gabeira disse tudo quando mostrou seu espanto diante da frequência com que se fala em “ala ideológica”, “ala militar” e “ala pragmática” no Palácio do Planalto:

“Parece escola de samba.”

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