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Roteirista. Escreve para programas e séries da Rede Globo.

Largados e hackeados

Para que fazer mapa astral se o algoritmo é bem mais preciso?

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O local da briga era o mais improvável possível. Uma festa infantil. Uma mãe tirava fotos das crianças, quando outra apareceu para protestar. Ela não queria que sua filha aparecesse nas fotos. Iniciou-se um bate-boca materno que melou o clima da festinha. 

Até que a mãe fotógrafa gritou: “A privacidade da sua filha não existe faz tempo”.

Ela tinha razão. Aquela criança era vigiada desde o dia do nascimento. Ou até antes. O simples teste Beta HCG positivo já mudou o algoritmo da mãe. Se antes ela recebia cookies de sapatos e bolsas, passou a ser bombardeada por propagandas de berços e babás eletrônicas.

É uma batalha perdida. Não adianta se desconectar, fugir para o mato, correr para as colinas. Um ingênuo “concordo” nos termos de uso é a chave para liberar não só os nossos dados, como os dos seguidores. Sim. Quando nossos “amigos do Face” respondem ao quiz “que tipo de torneira de rico você é?”, os dados dos nossos perfis também são liberados.

O simples ato de pagar no débito, tirar foto do gato, ir ao banco ou gravar mensagens de áudio já é suficiente para desvendarem nossos hábitos, gostos, orientação política e até preverem nossas atitudes. 

Para que fazer mapa astral? É só fazer um mapa do algoritmo para saber quem você é e como será o seu futuro. Bem mais preciso.

O problema não é só a falta de privacidade, mas como ela é usada. O documentário “Privacidade Hackeada” mostra como a empresa Cambridge Analytica foi decisiva em eleições presidenciais por todo o mundo. Com acesso adados de milhões de usuários, a firma conseguiu prever personalidades.

Bombardeando gente com artigos, vídeos, notícias e dados falsos, influenciou pessoas a verem o mundo como queriam e votarem em seus candidatos.

No Brasil tivemos um caso semelhante, quando empresas privadas contrataram disparos em massa de reportagens falsas e dados forjados, incluindo os famigerados kit gay e a “mamadeira de piroca”. Seria cômico se o resultado não fosse a tragédia chamada Jair Bolsonaro. 

Talvez por isso ele deteste tanto os dados científicos.

Bons tempos quando o problema era mostrar foto de criança.

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