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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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O que fazer com os militares?

Resposta da sociedade a desmandos recentes não pode ser aumento dos soldos

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São Paulo

A última coisa de que Lula precisa agora é uma crise com os militares. Meu receio é que, com base nesse raciocínio político que é essencialmente correto, o governo deixe de propor e tomar medidas necessárias para o aprimoramento institucional do país.

Por mais que os generais queiram circunscrever o noticiário negativo em que as Forças Armadas se viram enredadas nos últimos anos a iniciativas isoladas de oficiais que não representam a instituição, penso que o buraco é mais embaixo. Sim, temos casos como o do tenente-coronel Mauro Cid, que se envolveram até a medula no que parecem ser crimes e dificilmente escaparão a uma dura punição determinada pela Justiça. Só que os flertes dos militares com o golpismo e as dúvidas sobre sua lisura foram lamentavelmente muito mais generalizados e institucionalizados.

Principal ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, fardado, ficou em silêncio em depoimento à CPI do 8 de Janeiro, em Brasília - Pedro Ladeira - 11.jul.23/Folhapress - Folhapress

O Ministério da Defesa foi ator central na pantomima bolsonarista que tentou minar a credibilidade do sistema eleitoral. Um general pôs blindados para impedir policiais de encerrar um acampamento golpista.

E o leitor há de se lembrar das listas de compras dos militares que incluíam doses cavalares de uísque, picanha e Viagra. E essa, vale frisar, é uma lista bem resumida.

Parece óbvio que a resposta do governo, e, portanto, do país, a essa série de problemas não pode ser aumento nos soldos e mais verbas orçamentárias para projetos militares, como quer o comandante do Exército. O que a normalização institucional exige são investigações cuidadosas, sem perseguição, mas também sem leniência, e uma ampla revisão do papel dos militares na vida nacional. Penso em mudanças nos currículos das academias, num redimensionamento do próprio tamanho das Forças e na reformulação do artigo 142 da Constituição, para deixar claro de uma vez por todas que militares não escolhem a qual Poder devem obedecer. Se houver conflito entre os Poderes, cabe ao STF e a ninguém mais dirimi-lo.

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