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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Ideias devem ser desafiadas

Devido a crenças religiosas, navajos querem que Nasa limite missões à Lua

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São Paulo

O povo navajo venera a Lua e entende que alguns projetos empresariais, como o de levar para repousar eternamente no satélite cinzas de humanos que foram cremados, a profanam. Com base nisso, os navajos procuraram a Nasa, pedindo que esse tipo de missão não se realize.

Sou um entusiasta da liberdade religiosa. Acho que qualquer indivíduo ou grupo é livre para acreditar no que bem entender e exercer quaisquer ritos ou liturgias que não violem a lei. É importante, porém, observar que a simples universalização desse direito já implica a impossibilidade de preservar todos os sistemas religiosos de questionamentos e mesmo profanações.

O astronauta Buzz Aldrin, que fez parte da missão Apollo 11, durante experimento na Lua - Nasa - Nasa

Pelo menos para os que insistem em interpretações literais, as diferentes histórias da criação são incompatíveis umas com as outras. Quem afirma que foi Brahma quem gerou o Universo está negando que o autor de tudo seja o Deus das religiões abraâmicas. Cada vez que um padre lê certas passagens do Gênesis numa homilia, ele pode estar desrespeitando convicções pessoais de mais de 1 bilhão de hinduístas.

E as incompatibilidades não ficam restritas ao campo das narrativas religiosas. Elas se estendem também para terrenos mais universais, como o da investigação científica. A ciência não nega diretamente a existência de nenhuma divindade, mas produz explicações para fatos do mundo que tornam deuses menos necessários para suportar a realidade. Alguns grupos tomam isso como heresia e se põem a combater o ensino de certas teorias científicas, como o darwinismo, nas escolas.

Meu ponto, e aí vou contra os ventos identitários, é que não podemos tornar a suscetibilidade individual ou grupal a supostas ofensas em critério principal para definir o que é ilegal ou antiético, sob pena de sancionar uma guerra de todos contra todos.

Indivíduos merecem respeito; ideias, não. Qualquer ideia, não importa quão antiga, sagrada ou oprimida, pode e deve ser desafiada.

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