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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Descrição de chapéu São Paulo

Caricaturas eleitorais

Ao retratar adversários da forma mais negativa possível, candidatos contribuem para a polarização

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São Paulo

La Rochefoucauld dizia que a opinião que nosso inimigo tem de nós está mais perto da verdade do que a nossa própria. Penso que a frase encerra muito de verdade, mas receio que ela colapse em situações específicas, como a de campanhas eleitorais. Aí, candidatos exageram tanto ao pintar seus adversários de forma desabonadora que acabam criando caricaturas que guardam pouca correspondência com a realidade.

É o processo em curso na corrida eleitoral paulistana, que tem como principais contendores o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). É perfeitamente legítimo que candidatos sejam chamados a prestar contas por suas alianças e seu passado, mas é preciso cuidado para não recair em hipérboles. Não é verdade que Boulos seja um perigoso radical que transformará São Paulo em terra sem propriedade privada, como a campanha de Nunes tenta descrevê-lo, nem que o atual prefeito seja um bolsonarista empedernido, que conspirará contra a democracia se reeleito, como busca retratá-lo a equipe de Boulos.

Na justaposição de imagens, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) - Mathilde Missioneiro - 7.dez.2023 e Karime Xavier - 14.jun.2021/Folhapress - Montagem

Se cabe uma crítica a Boulos, é que ele representa o setor do PSOL que foi domesticado e colonizado pelo PT. A ascensão dessa ala custa ao partido sua própria identidade. O PSOL, afinal, surgiu como legenda que faria uma crítica do PT pela esquerda e que manteria padrões éticos mais rígidos que os da sigla de Lula.

Já Nunes flerta com Bolsonaro não porque partilhe de seu ideário e desprezo pelas instituições, mas porque qualquer candidato a cargo majoritário que concorra na faixa do centro para a direita precisa dos votos de bolsonaristas. Até acho que o prefeito foi além do necessário ao aceitar um vice ditado por Bolsonaro, mas daí não se segue que eles sejam a mesma coisa.

É correto e necessário cobrar candidatos por alianças e posições e atitudes do passado, mas exagerar na dose é algo que contribui para a polarização sem acrescentar tantos votos.

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