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Ataques tornam caótico trajeto até a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris

Brasileiros que foram à estreia da seleção feminina de futebol em Bordeaux sofreram no percurso à capital francesa

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Bordeaux e Paris

Os passageiros que fariam uso da geralmente eficiente malha ferroviária da França na sexta-feira (26) acordaram com uma mensagem que lamentava "um atraso significativo" nas viagens, causado por um "incêndio perto dos trilhos". Havia a possibilidade de reagendamento ou a de reembolso, o que não impediu a agitação em estações de trem de todo o país.

A conturbação era decorrente de ataques ocorridos na madrugada, com o corte e o incêndio de cabos do sistema de trens em três diferentes pontos. Cerca de 800 mil pessoas foram afetadas, e o ministro dos Transportes, Patrice Vergriete, logo fez a óbvia associação de que o movimento coordenado tinha "provavelmente um elo com os Jogos".

A normalização da situação, preveem as autoridades, só ocorrerá ao longo do fim de semana, mas existia urgência na volta do serviço, ainda que de maneira intermitente, por causa da abertura dos Jogos Olímpicos, marcada para as 19h30 da França. Nesse contexto, pessoas desorientadas, de várias nacionalidades, com dificuldades na comunicação, ocupavam as estações.

Estação Montparnasse, em Paris, foi uma nas quais houve caos - Thibaud Moritz/AFP

Em Bordeaux, havia uma porção de brasileiros. O futebol foi uma das modalidades iniciadas antes da cerimônia oficial de abertura do megaevento esportivo, e a seleção feminina fez sua estreia na noite de quinta (25), em Bordeaux, com belo passe de Marta e vitória por 1 a 0 sobre a Nigéria. Quem viu o jogo no estádio Matmut Atlantique e pretendia ir a Paris para a abertura no dia seguinte se deparou com problemas logísticos.

"Temos ingresso para a festa, mas acho que não vai rolar", disse o administrador Breno Almeida, 42, acompanhado da mulher, Jussara. "O pior é que eu não falo uma palavra de francês, meu querido. O que eu faço? Estão dando um monte de recado aí, e eu não sei se é propaganda do Carrefour ou um aviso de que estou f...", gargalhou.

No fim, apesar dos empecilhos, Almeida chegou à cerimônia às margens do rio Sena. Seu embarque estava marcado para as 11h58, no mesmo trem em que partiria a reportagem. Os passageiros receberam uma notificação, àquela altura tratada como animadora, de que o veículo seguiria rumo a Paris às 15h58.

Então, por volta das 14h, agentes da SNCF (Sociedade Nacional das Ferrovias Francesas) começaram a berrar. O recado era algo como: "Se você vai a Paris-Montparnasse, corra para a plataforma 1, tipo agora, agora, agorinha, vai lá, pô!". E o que se viu foi uma corrida desenfreada até o trem, sem nenhuma conferência ou validação das passagens.

"E eu reclamando do idioma, veja você", disse Breno. "Estamos claramente no Brasil."

Parte dos agentes tentava passar a mensagem em inglês, e o trem foi ocupado, com partida realizada às 14h21. Não havia apenas passageiros como Breno e Jussara, que tinham embarque previsto para as 11h58. O australiano Lleyton Newcombe, 57, estava na estação desde a manhã, pacientemente, com bilhete para a viagem das 8h41: "No problem".

Ele, Breno, Jussara e a reportagem desembarcaram na estação de Montparnasse, em Paris, às 17h35. Aí outro desafio aguardava quem queria ir à abertura, porque o tempo era relativamente curto até a cerimônia, às 19h30, e foi instalada uma série de bloqueios no metrô da capital, com estações fechadas por causa da festa, cercada de cuidados com segurança.

"Deu tudo certo", avisou Breno, por telefone. "Está meio enlameado aqui, uma chuvinha chata, mas vamos que vamos."

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