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Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)

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Finanças climáticas no centro da agenda do G20

Com a presidência brasileira, agora é preciso criar modelos econômicos compatíveis com a natureza

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As primeiras grandes reuniões do G20 sob a presidência do Brasil começam esta semana. Em um mundo cada vez mais fragmentado, pairam incertezas quanto à capacidade de as principais economias do mundo responderem aos imensos desafios provocados pelas guerras na Europa, Oriente Médio e África, pelo aumento da desigualdade e pela aceleração dos eventos extremos provocados pela mudança climática.

A liderança brasileira neste momento traz para o país o peso da responsabilidade. A tarefa é árdua, mas a oportunidade de ajudar a conduzir esse mundo tão conturbado para as trilhas do desenvolvimento econômico global sustentável e justo é histórica.

Entre os encontros dos chanceleres no Rio e a reunião de ministros das Finanças em São Paulo, na semana que vem, acontecerá o Fórum Brasileiro de Finanças Climáticas, nos dias 26 e 27. Organizado pelos institutos Arapyaú, Aya, Clima e Sociedade, Igarapé e Itaúsa, e pela Open Society Foundations e Uma Concertação pela Amazônia, é um evento oficial do G20 Social e vai reunir na capital paulista representantes nacionais e internacionais de governos, setor privado, sociedade civil e organismos multilaterais, com transmissão online aberta ao público.

Na presidência do G20, o Brasil terá papel importante na discussão das finanças climáticas para criar modelos econômicos compatíveis com a natureza - Leonardo Benassatto - 3.ago.23/Reuters

No centro da agenda do fórum, lançado na COP28 em Dubai em anúncio com o Ministério da Fazenda, está o necessário investimento na transição ecológica, passando por soluções financeiras baseadas na natureza e incentivos à bioeconomia.

O Brasil tem essa janela de oportunidade única para liderar pelo exemplo e se tornar uma economia desenvolvida verde. Essa janela começou com a Cúpula da Amazônia no ano passado, avança agora na presidência do G20 e vai até a COP30, em Belém. Temos de aproveitá-la para alavancar recursos e pactuar uma transição justa e inclusiva.

Não estamos falando de somas triviais. No lançamento do Plano de Transformação Ecológica, em Dubai, o ministro Fernando Haddad falou em investimentos da ordem de US$ 1 trilhão em dez anos para sua execução.

Há algumas semanas, o secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Simon Stiell, trouxe o número de US$ 2,4 trilhões para que países emergentes consigam cumprir as metas climáticas do Acordo de Paris e deixar de vez o uso de combustíveis fósseis.

As somas são altas e a complexidade das negociações, ainda mais. Houve um longo caminho para que a COP28 incluísse em seu documento final o chamado "phase out" —a eliminação gradual dos combustíveis fósseis, ainda que de forma tímida. A COP29, que acontece em novembro deste ano em Baku, no Azerbaijão —outro grande produtor de petróleo— tem a missão de definir uma nova meta de financiamento climático para os países em desenvolvimento fazerem sua transição ecológica.

Nesse cenário, há que se destacar a aceitação da proposta brasileira de uma troika, um triunvirato composto pelas presidências da COP28, COP29 e COP30, para trabalharem juntas no aumento da ambição climática. O acordo inédito, fechado em Dubai durante o Carnaval, tem nos meios de implementação da transição um de seus principais desafios.

No caminho até a Cúpula de Belém, o sentido é de urgência. Um estudo de cientistas brasileiros, recém-publicado pela revista Nature, alerta que quase metade da floresta amazônica pode chegar ao ponto de não retorno até 2050 —ainda no tempo de gerações que estão no poder.

É preciso aproveitar a liderança do G20 e criar agora modelos econômicos compatíveis com a natureza, capazes de oferecer alternativas a quem hoje depende de economias danosas à floresta, e que valorizem os serviços ecossistêmicos fornecidos pelo planeta, dos quais mais de metade do PIB do mundo depende.

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