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Jornalista e bacharel em ciências sociais, Ivan Marsiglia é autor de “A Poeira dos Outros”.

O tango de Jair

Eleição do peronista Alberto Fernández na Argentina deixa governo brasileiro #chatiado no Twitter

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Na segunda-feira (28) em que o Twitter brasileiro se mudou para Buenos Aires, a eleição em primeiro turno do peronista Alberto Fernández –que tinha então 48,03% dos votos, com 96,22% das urnas apuradas– refletiu-se em uma movimentação impressionante dos brasileiros na plataforma. 

Às 11h da manhã, os Trending Topics nacionais registravam 994 mil menções a “Argentina” e outras 929 mil a “Macri”, o candidato liberal derrotado a quem @jairbolsonaro declarara preferência. 

O presidente brasileiro não demorou a manifestar seu desgosto em uma entrevista pela manhã, ao deixar os Emirados Árabes, em que disse que a Argentina “escolheu mal” e que não iria parabenizar o eleito. No que foi seguido por uma série de tuítes de seu cada vez menos diplomático chanceler:

@ernestofaraujo “1/Não há muita ilusão de que o fernandez-kirchnerismo possa ser diferente do kirchnerismo clássico. Os sinais são os piores possíveis. Fechamento comercial, modelo econômico retrógrado e apoio às ditaduras parece ser o que vem por aí.”

@ernestofaraujo “2/As forças do mal estão celebrando. As forças da democracia estão lamentando pela Argentina, pelo Mercosul e por toda a América do Sul. Mas o Brasil continuará inteiramente do lado da liberdade e da integração aberta.”

 

O repórter especial do @NexoJornal, @jpcharleaux, espantou-se: “Eu gostaria de resistir ao impulso de não comentar uma coisa dessas, mas é tão aviltante o que esse ministro faz internacionalmente em nome do Brasil, que não é possível ignorar. ‘Forças do mal’, numa eleição limpa em que até o derrotado tratou o caso com civilidade? Meu Deus...”

O ex-futuro embaixador brasileiro em Washington, filho Zero Três do presidente, manteve a ofensiva pelo Twitter: @BolsonaroSP “Na Argentina o novo presidente eleito visitou Lula e pede sua liberdade, a vice até ontem estava de mãos dadas com Maduro e uma comitiva do PT incluindo os lavajatados ‘Lindinho Farias’ e ‘Humberto Um Milhão Costa’ foram celebrar a vitória lá. Qual a chance de isso dar errado?”

Professor e ex-senador pelo PPS-DF, @Sen_Cristovam tentou ensinar: “O Sr. Bolsonaro tem direito de lamentar eleição de qualquer candidato no Exterior, mas o Pr. da República tem obrigação de cumprimentar os vitoriosos, em nome do Brasil e das boas relações entre nações. O Sr. que ignora representar o país não está pronto para ser seu Pr.”

Já a deputada federal pelo PT-DF @erikakokay apontou a incoerência das declarações do presidente agora e durante sua visita à China, na semana passada: “DIPLOMACIA BOLSONARISTA. O que dirige a diplomacia no governo Bolsonaro é a cegueira ideológica. Bolsonaro diz que não vai parabenizar Alberto Fernández e ameaça excluir Argentina do Mercosul. Fernández é ‘comunista’. Mas manteve relações comerciais com a China ‘capitalista’. Oi?”

Para o Movimento Brasil Livre, recém-desembarcado do bolsonarismo, faltou à Macri ser mais Macri: @MBLivre “Tão falando que o liberalismo deu erado na Argentina de novo. Infelizmente faltou liberalismo para resolver a parada por lá. Macri até tinha começado bem, tem um monte de meme do MBL sendo desenterrado que mostra isso, mas depois aderiu ao populismo.”

Vai bem, obrigado

O furo da repórter da revista Época e do jornal O Globo, @julianadalpiva, que mostrou Fabrício Queiroz, ex-policial e ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, o filho Zero Um, vivo, positivo e operante, foi dos mais comentados no final de semana. 

Nesta segunda-feira (28) pela manhã, 44,8 mil menções ao tema ainda repercutiam, entre outras coisas, o tuíte em que a repórter resumiu o conteúdo das mensagens de Whatsapp publicadas pelo jornal na quinta-feira (24): “Em um áudio que obtive, Queiroz explica como cargos podiam ser usados no Congresso. Ele sugere que as indicações poderiam ser feitas para comissões ou em gabinetes de outros deputados e senadores, e não apenas em cargos vinculados à família Bolsonaro.”

A reação do presidente, ainda em viagem, em Abu Dhabi, foi postada pela repórter da GloboNews @AndreiaSadi: “1. Presidente Bolsonaro, sobre áudios de Queiroz: ‘Quem falou foi o Queiroz. Não somos casados’.”

Faltou o presidente complementar que é casado com Michelle Bolsonaro, que recebeu um cheque de Queiroz. 

O jornalista @GeorgMarques, ex-The Intercept Brasil, especulou: “Nos bastidores de Brasília, a cada dia cresce a suspeita de que o próprio Fabrício Queiroz vazou os áudios em que ele cobra proteção a Bolsonaro. Seria uma espécie de último aviso, face ao avanço das investigações e o ‘foguete’ a ser lançado por parte do Ministério Público do RJ?”

E como ninguém problematizou a origem –lícita ou ilícita– das gravações, houve quem chamasse a atenção para esse fato. Foi o caso do criminalista e conselheiro da Human Rights Watch, @augustodeAB “Atenção Merval, Augusto Nunes e Antagonista, atenção Associações de Procuradores, de Juízes, atenção geral que só fala da forma, mas não fala do conteúdo da Vaza Jato: o @JornalOGlobo e a @folha publicaram um áudio do Queiroz bombástico e NINGUÉM reclamou de onde veio. Ninguém.”

Festa da democracia

O primeiro aniversário, hoje, da eleição de @jairbolsonaro não passou incólume no Twitter. No fim da tarde de segunda-feira (28), a hashtag #1AnoDaVitoria batia em 58,9 mil tuítes. O presidente comemorou com uma palavra e o ícone da bandeira nacional: @jairbolsonaro “Brasil!”

Seu assessor especial e irmão do ministro da Educação Abraham Weintraub apostou na prosa poética: @ArthurWeint “Faz um ano que o Brasil decidiu pela verdade, pela luz. A vitória de Jair Bolsonaro é o sopro de esperança nas trevas esquerdistas que assombram cada vez mais nosso continente. PR Bolsonaro, estamos do seu lado. #1AnoDeVitoria”

Como a contra-hashtag #1AnoDeDesgraca não emplacou – estacionando em 14,5 mil tuítes –, o campo progressista teve de se contentar com a sátira do @sensacionalista “Há um ano, brasileiro ia às urnas no dia sim de fazer cocô. #1AnoDaVitoria”

Ouro de tolo?

Outro furo deste final de semana, a informação, revelada na recém-lançada biografia Raul Seixas escrita por Jotabê Medeiros, de que o músico pode ter entregado seu parceiro Paulo Coelho para o DOPS durante a ditadura provocou manifestações ambíguas por parte do escritor no Twitter.

Primeiro ele ensaiou uma confirmação no tuíte, posteriormente apagado, que dizia: “Fiquei quieto por 45 anos. Achei q levava segredo para o túmulo.” Dias depois, voltou atrás: 

@paulocoelho “Começo a ter sérias dúvidas dos documentos que o Jotabê Medeiros me enviou, dizendo e insistindo que Raul tinha me denunciado (emails arquivados). O que se passou entre Raul e eu fica entre nós. Vou deletar o tweet da FSP. Acho que o cara quer apenas vender a porra do livro.”

Jornalista e ex-fundador da editora Conrad, @forastieri saiu em defesa do biógrafo: “Tem que não conhecer o Jotabê Medeiros pra acusar ele de inventar uma coisa pra vender livro. Quem inventava abobrinha pra vender livro – que era mago, fazia ventar e não sei o quê – é outra pessoa.”

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