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Engenheiro e jornalista, foi repórter, correspondente, editor e secretário de Redação na Folha, onde trabalha desde 1991. É ombudsman

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O Brasil tá vendo. E a Folha?

Leitores reclamam de coberturas limitadas e distração do jornal com o BBB

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"Caro ombudsman, o que se passa com o departamento esportivo da Folha? Estão encerrando a atividade?", pergunta o leitor Oswaldo, preocupado com o seu São Paulo, que apenas na quinta rodada do Paulista conseguiu uma vitória. "Dentre os assuntos menos importantes, este é um dos mais importantes para mim."

A frase é ótima, traduz com simplicidade o sentimento que leitores temos diante de jornais, a curiosidade por qualquer coisa. Em igual medida ocorre a frustração, quando qualquer coisa não está lá.

Os jogos do São Paulo não estão na Folha porque Esporte agora só cobre os clássicos, explica a editoria a outro assinante. E como o clube ainda não enfrentou nenhum dos outros grandes do estado, por enquanto não teve São Paulo no jornal. Não que antes todas as partidas dos variados certames merecessem atenção, a Folha nunca foi disso, mas o registro mínimo era feito.

Quando o jornal Agora foi encerrado, em novembro do ano passado, muitos de seus assinantes, migrados para a Folha, pediram a sobrevivência da cobertura esportiva, uma das marcas do diário ao lado das manchetes sobre aposentadoria. Lograram apenas o noticiário de economia popular, que sempre proporcionou boa audiência, já integrado a Mercado.

Indagada sobre a questão, a Secretaria de Redação informa que o jornal "está transitando para uma edição qualitativa, em que possa oferecer enfoques diferenciados ao leitor, conteúdos que ele não encontra na maciça cobertura esportiva de TVs, streamings e redes sociais". Não será fácil convencer o são-paulino do primeiro parágrafo a desapegar-se dos jogos do time, por mais que o Paulistinha, como diria Juca Kfouri, sirva apenas para atrapalhar o calendário.

Assim como não está sendo fácil convencer quem usava o Guia, para programar o fim de semana, de que o jornal agora só faz a chamada curadoria.

A Folha, porém, não convive apenas com pedidos de mais cobertura. Há quem peça o fim de algumas delas, como a do BBB, programa gerador de opiniões formadas sobre tudo, inclusive herpes, com muito engajamento nas redes sociais. "Há boa receptividade por parcela de nosso público para o material que publicamos", justifica a Secretaria.

Não haveria receptividade para mais programação de cinema e futebol? Muita, e para mais serviço, coberturas ao vivo e, por que não, até para o fait divers. Só que recursos andam escassos, e a Folha claramente vem fazendo escolhas pelo que percebe como mais importante para sua manutenção, a informação exclusiva. "Buscamos ampliar o alcance e a sustentabilidade do nosso jornalismo, o que se traduz em audiência digital paga."

Enquanto isso, O Globo publica que foi o jornal mais lido do país no ano passado.

Escolhas.

Impressões

O debate sobre pluralidade e liberdade de expressão prossegue no país graças aos filósofos de plantão que se põem a discutir questões complexas, como a conveniência ou não de um partido nazista para a democracia, com a naturalidade de um reality show. Confusão armada, leitores reclamaram de dois títulos dados pela Folha durante a cobertura.

O primeiro foi publicado após a demissão do apresentador Monark, do podcast Flow, na terça-feira (8): "Fala de Monark sobre partido nazista divide opiniões sobre liberdade de expressão". O enunciado foi considerado condescendente, uma tentativa de amenizar o discurso do podcaster. A maioria dos queixosos estava com sangue nos olhos, queria condenação sumária. O jornal, obviamente, não pode fazer isso, mas precisa tomar cuidado com o peso que dá para as coisas e com falsas equivalências. É sutil, mas repare como este outro título da Folha não permite inclinações: "Discriminação e racismo não são protegidos pela liberdade de expressão no Brasil; entenda".

No dia seguinte, foi a vez de um comentarista da Jovem Pan ser defenestrado. A Folha noticiou assim o fato: "Adrilles Jorge é demitido após suposta saudação nazista". É claro que a turma se enroscou com a presunção, sugerida pelo título, de o ex-BBB não ter feito o gesto. O assunto foi parar na crítica interna do ombudsman dirigida à Redação. Era preciso muito boa vontade para não ver a saudação no vídeo. No fim, a reportagem anoiteceu com outra formulação, menos interpretativa: "Adrilles Jorge é demitido após Jovem Pan ver nazismo em gesto".

A questão não é escapar da polêmica, mas ter inteligência e equilíbrio para não se tornar uma. O papel do jornal é elevar o debate, ainda que o país insista em voltar à quinta série.

Expressões

Adrilles Jorge foi o segundo comentarista da Jovem Pan a ser demitido por antissemitismo em poucos meses. O problema, está claro, passa longe da liberdade de expressão.

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