Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.
O cinquentenário do olho de Tostão
Fez muito bem esta Folha ao lembrar a dor que deixou todo o Brasil no oculista
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Lembrar a noite de 24 de setembro de 1969 valeu como golaço desta Folha em reportagem de Marcos Guedes.
Por contar detalhadamente o risco corrido por Tostão de desfalcar a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1970, epopeia que sem ele não teria sido igual.
Por mais que a modéstia dele não permita lembrar de certos detalhes, sempre será justo dizer que há quem o considere o melhor jogador do torneio nos gramados mexicanos.
E não se trata de qualquer opinião, deste ou daquele jornalista, mas de Gérson, o Canhotinha de Ouro, seu companheiro na campanha do tricampeonato.
O que em nada diminui o papel do Rei Pelé, apenas dá a devida medida da participação do também chamado "de ouro", o Mineirinho de Ouro.
Não será reproduzido o texto de Guedes aqui, porque facilmente encontrável no jornal.
Mas, de carona, o publicado em meu blog no UOL, do Grupo Folha, com pequenas supressões para caber, no mesmo dia 24, relembranças de um palco e de um futebol que não existem mais:
"50 anos atrás o Pacaembu era reaberto depois de longo tempo utilizado para instalar nova iluminação e demolir a concha acústica que lá estava desde a inauguração do estádio, em 1940.
Ainda não havia o tobogã, intervenção arquitetônica típica de tempos de ditadura.
Sem a bela concha acústica o estádio parecia ter perdido os dentes da frente.
Naquela noite, o Corinthians recebeu o Cruzeiro pelo Torneio Roberto Gomes Pedrosa, precursor do Campeonato Brasileiro, diante de espantosos 48.705, mesmo ainda, repita-se, sem o tobogã que aumentaria a capacidade em 10 mil pessoas.
E os quase 50 mil torcedores eram pouco perto do recorde de público do estádio, em 1942, na estreia de Leônidas da Silva, pelo São Paulo, num empate 3 a 3 com o Corinthians: 70.218 torcedores foram contabilizados na tarde do dia 24 de maio, com 63.218 pagantes.
Como foi possível é dessas coisas misteriosas que o tempo ajuda a tornar ainda mais misterioso.
Só sei dizer que estava no Pacaembu na noite de 1969, como estive na tarde do recorde oficial do Maracanã, no mesmo ano, quando a seleção brasileira enfrentou a paraguaia diante de 183.341 pessoas.
É verdade que as arquibancadas foram invadidas e muita gente entrou sem passar pelas catracas, a exemplo do que consta ter acontecido na final da Copa do Mundo de 1950, quando supostas 200 mil pessoas viram o Uruguai ganhar do Brasil por 2 a 1, embora o número oficial seja de 173.850 torcedores.
Mas a noite da reabertura do Pacaembu ficou marcada mesmo foi pelo descolamento do olho esquerdo de Tostão, atingido por bolada desferida pelo zagueiro Ditão, o mesmo olho ferido dias antes em choque com o colombiano Castaños num amistoso.
A pancada doeu no olho do país inteiro que viveu intensa expectativa com o processo de recuperação do genial atacante mineiro, operado em Houston, nos Estados Unidos, e sob o risco de não disputar a Copa.
Transferido para o Vasco, Tostão teve de encerrar prematuramente a carreira, aos 26 anos, para não perder o olho.
Com o que fez vestibular para Medicina, tornou-se respeitado médico e professor, e abandonou a carreira para voltar ao futebol como o melhor analista do Brasil.
Mau jornalismo faço eu porque tratei da maior notícia do dia 24 de setembro de 1969 no fim do texto, e não na abertura como deveria..."
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