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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

Seleção dos melhores jogadores da história comete pecados mortais, insuperáveis

Tradicional revista France Football ouviu especialistas para montar time dos sonhos

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Das mais tradicionais e melhores revistas esportivas do mundo, a France Football, fundada em 1946, ouviu seus especialistas e escalou o time dos sonhos. Melhor seria não ter feito.

Yashin; Cafu, Beckenbauer e Maldini; Matthäus, Xavi, Maradona e Pelé; Cristiano Ronaldo, Messi e Ronaldo são os titulares

Buffon, Carlos Alberto, Baresi e Roberto Carlos; Rijkaard, Pirlo, Zidane e Di Stéfano; Garrincha, Cruyff e Ronaldinho, os reservas.

Todos excelentes, diga-se, mas pelo menos dois entre os titulares não podem estar nem entre os reservas: o capitão brasileiro na campanha do pentacampeonato Cafu e o alemão Lothar Matthäus.

Dois vencedores indiscutíveis, jogadores que estão eternizados na história, mas não à altura de tamanha qualificação.

Cafu, por exemplo, nem na seleção brasileira reserva estaria, superado por Carlos Alberto Torres, Djalma Santos e, segundo Telê Santana, Leandro.

Matthäus teve papel preponderante no título alemão na Copa de 1990, na Itália, faz parte do quarteto que disputou cinco Mundiais (com os goleiros mexicano Carbajal e italiano Buffon, além do zagueiro também mexicano Rafael Márquez), mas não são poucos os meio-campistas melhores, como Paulo Roberto Falcão, por exemplo, ou Didi, o Príncipe Etíope, além do holandês Frank Rijkaard.

Eleições desse tipo tem o mérito de causar polêmica e impedir que se esqueçam craques imortais.

Cada vez menos gente viu o russo Lev Yashin, o Aranha Negra, fechar o gol. Mas soa herege não votar nele.

Pelé, da seleção Brasileira, é levantado durante comemoração do título da Copa do Mundo de 1970, após a vitória da seleção Brasileira sobre a Itália, por 4 a 1, no Estádio Azteca - Xinhua - 13.ju.70/Imago/Zumapress

Cada vez mais gente vê o genial Leonel Messi, a ponto de ele ter tido mais pontos que o Rei Pelé na enquete da revista, 792 a 655, embora em posições diferentes —o brasileiro como meia e o argentino como atacante. Diego Maradona, na mesma posição do Rei, teve 602 pontos.

Porque é assim mesmo. Sem críticas à FF, repita-se, veículo de excelência do planeta Bola, a verdade é que a missão de escolher o time dos sonhos soa quase impossível e exigiria aumentar o número de jogadores, de gênios, no caso, que compõem uma equipe de futebol. Só 11 é pouco.

Porque há alguns que já não têm testemunhas vivas e há outros tantos que não podem ficar de fora.

Como excluir Mané Garrincha? Equivale a excluir Pelé.

Como deixar de fora Johan Cruyff, Zinedine Zidane, Di Stéfano, Michel Platini?

Fica, enfim, o exercício que motiva discussões pelos botequins mundo afora, e daí a publicação ser duplamente extemporânea: porque incorre no equívoco do anacronismo e porque sob o risco de lotar os bares neste momento em que devemos evitar aglomerações.

Quando se vê Nilton Santos em nono lugar na escolha do lateral esquerdo fica claro até que ponto levar a sério escolhas como essas.

A rara leitora e o raro leitor poderão dizer que a coluna puxa a sardinha para a brasa brasileira e de maneira saudosista. Pode ser.

Fica, portanto, o desafio a quaisquer terráqueos, marcianos ou lunáticos: diminuam o talento e a importância dos gênios aqui citados não contemplados pela eleição da FF.

E olhe que não estão citados Tostão, Rivellino, Rivaldo, Romário, só foras-de-série brasileiros campeões mundiais de uma época em que, indiscutivelmente, nosso futebol era hegemônico.

Só não se pode acusar a FF de eurocentrismo. Há 10 sul-americanos entre os 22, 3, Pelé, Carlos Alberto e Garrincha, que nunca jogaram em clubes europeus.

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