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Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

A vida dura dos treinadores no futebol brasileiro

Os de ponta, sem dúvida, ganham muito bem, porque vivem tal e qual os trapezistas

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Não vale dizer que vida dura levam os que têm de acordar de madrugada, pegar três conduções e enfrentar trabalhos pesados e mal remunerados.

Porque se o paradigma for esse, a coluna fica por aqui e não terá mais nada a acrescentar diante da obviedade.

Sempre haverá quem leve tudo ao pé da letra. E se satisfaça com a leitura superficial, a ponto de mandar o colunista escrever cartas para o treinador do time dele, por ignorar o singelo fato de as missivas a Abel Ferreira terem sido escritas para quem acaba de chegar ao futebol brasileiro.

Paciência!

Infelizmente a carta nem havia chegado aos olhos de Ferreira e os muros da casa verde já estavam pichados porque o Palmeiras, sem os titulares, havia perdido para o São Paulo.

Enquanto o tricolor ganhou quatro jogos em uma semana, o alviverde conheceu três derrotas no mesmo período.

Só que um não ganha nada há 13 anos e o outro é o atual campeão da Copa do Brasil e da Libertadores, ambas sob comando do lusitano.

Este é o mundo do ludopédio nacional. Os são-paulinos estão em lua de mel com Hernán Crespo e já há palmeirenses por aqui com Ferreira.

O simpático argentino se esforça para aprender português e o não menos articulado português nem precisa disso, o que torna suas entrevistas até mais saborosas, embora nem sempre verdadeiras como as dadas para criticar o calendário infame no país dos campeonatos estaduais —e aqui elogiadas.

Ganhar e perder é tão do jogo que Jürgen Klopp, do Liverpool, Hans Flick, do Bayern de Munique, e Pep Guardiola, do Manchester City, viram seus poderosos times serem eliminados da Liga dos Campeões da Europa e da Copa da Inglaterra.

Futebol é esporte tão maravilhoso que o Cruzeiro e o Vasco, da Série B, derrotaram os milionários Atlético Mineiro, de Cuca, e Flamengo, de Rogério Ceni, para causar ruídos na Cidade do Galo e na Gávea.

Entre os gigantes europeus não há nem sombra de crise, embora Flick tenha anunciado sua saída —tudo indica que para dirigir a seleção alemã.

Entre os nossos, há tensão, no mínimo, agravada pela queda de Renato Portaluppi no Grêmio, eventual sonho de consumo dos que desconfiam de seus treinadores. Ele que reconduziu o clube gaúcho ao topo e se deixou contaminar pela glória conquistada, esquecido de que estátuas podem virar sal, como a mulher de Ló ao olhar para trás.

Ao técnico de frases machistas, a lição da “Canção de 3 Palavrinhas”: “Ouça agora, Essa história, De uma mulher que se deu mal, Só porque olhou pra trás, Virou uma estátua de sal”.

Vida de treinador é assim, paradoxal, dura e tão firme como prego em gelatina, arriscada como a do trapezista.

Nesta semana, sete deles a experimentarão novamente, entre a terça e a quinta-feira, nas estreias de seus times no torneio continental, diante de maiores ou menores desafios: o do Inter, o espanhol Miguel Ángel Ramírez, contra o boliviano Always Ready, o do Santos, o argentino Ariel Holan, contra o equatoriano Barcelona; o do também argentino Crespo diante do peruano Sporting Cristal; o de Ferreira contra o também peruano Universitario; e dos brasileiros Ceni contra o argentino Velez Sarsfield; Cuca e o venezuelano La Guaira; e, finalmente, o mais difícil de todos, o de Roger Machado, contra o portenho River Plate.

Que sejam felizes!

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