Juca Kfouri

Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP.

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Juca Kfouri

Nova carta a Abel Ferreira, apenas para adverti-lo

A primeira missiva para o técnico do Palmeiras foi escrita com admiração

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Caro Abel, advertir aqui não tem o sentido de repreender, quem sou eu para tanto, mas de alertar.

Alertar para como são os palmeirenses e a história do clube.

Certamente não sou eu o melhor informante, mas, se fosse você, ouviria o jornalista Roberto Salim, o cientista Miguel Nicolelis, o engenheiro José Luiz Portella, o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, o advogado Paulo Nobre, os três últimos da oposição na política alviverde, os dois últimos ex-presidentes do clube com contribuições fundamentais para o Palmeiras ser o que é.

Seriam conversas sigilosas, porque desagradariam a situação no poder, mas não adianta ouvir dona Leila Pereira, porque ela virou palmeirense para ter notoriedade, para melhorar a imagem de usurária e saberia contar, no máximo, a história do Vasco, outro gigante —mas essa é uma outra história.

O quinteto indicado, ah, sexteto!, porque não posso deixar de indicar, também, o cineasta Ugo Giorgetti, gênio da raça, tão palmeirense que há quem o chame de palmeirista.

Pois bem, caro Abel, o sexteto dirá que o torcedor alviverde é tão exigente que são famosas as histórias de o time estar goleando, o centroavante ter feito três gols na goleada por 4 a 0 e, ao perder o quarto gol, o do 5 a 0, já nos descontos (nome antigo dos acréscimos de hoje), ser vaiado e xingado de grosso, perna de pau, essas coisas.

O Felipão, que você conhece, até deu nome aos que mais reclamam, a turma do amendoim, mas não pense que se trata apenas de minoria ruidosa. Não! A torcida palmeirense é uma imensa turma do amendoim, apenas alguns poucos, doces.

E não se deixa enganar.

Não adianta falar, como você fez na entrevista coletiva depois da derrota para o Defensa y Justicia (tenha paciência, não é, Abel!), de todas as finais disputadas pelo time nos últimos tempos, e ainda acrescentar uma não jogada, a do Mundial.

Porque o palmeirense sabe que a decisão do Paulistinha foi horrorosa e quase escapou, assim como a da Libertadores, noves fora, sem dúvida, a da Copa do Brasil.

Veja que, no entanto, ninguém reclamou da perda da Supercopa do Brasil, porque não houve derrota do Palmeiras, mas vitória do Flamengo, como poderia ser alviverde.

Já contra os argentinos na Recopa Sul-Americana foi mais que derrota, foi vexame mesmo.

Você sabe que há uma tendência mais complacente hoje na imprensa brasileira contrária às expressões como vexame, vergonha, catástrofe? Afinal, trata-se apenas de um jogo, mesmo que valha taça de campeão.

Só que vá dizer isso ao torcedor, principalmente ao palmeirense que viveu a Academia ou quer vivê-la, que superou todos os preconceitos contra os “italianinhos” e vê no Alviverde Imponente uma afirmação de cidadania.

Sabe, Abel, não pegou bem nem mesmo o seu compreensível período de férias com a família que você não via há tanto tempo. Afinal, direito às férias, no Brasil, só com um ano de trabalho e o período, esperavam os torcedores palmeirenses, deveria ser usado para polir o elenco.

Como não pegam bem seus descontroles à beira do gramado.

Espera-se mais educação dos “colonizadores” e não mais do mesmo que já temos suficientemente em nossas prima-donas.

Por mais que tenhamos mesmo aparências de casa da mãe Joana, desejamos exatamente exemplos melhores de quem atravessa o Atlântico.

Um abraço e não me queira mal.

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