Mestre em Economia Aplicada pela USP, é professora do Insper e foi secretária de Desenvolvimento Social do Estado de São Paulo
46% dos professores recebem menos que o piso salarial nacional
Somos um país pobre, mas o piso salarial dos professores está entre os 8% maiores
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Os professores são os principais agentes de uma potência transformadora: um país de crianças e jovens que aprendem se torna mais rico em todos os sentidos. Essa transformação é um projeto promissor a ser alcançado.
Por ora, a realidade socioeconômica das nossas famílias e alunos é a que conhecemos, de muitas vulnerabilidades. Não temos previsão de uma melhoria súbita e permanente da nossa realidade.
A atribuição do professor é dificílima: ensinar os alunos brasileiros vulneráveis. Ou a sociedade brasileira está aguardando a realidade social mudar para que os alunos possam aprender depois?
Sabendo da capacidade de transformação dos professores, não são eles nossa maior esperança? Certamente a esperança merece tratamento e atenção especiais.
Conhecendo o desafio de garantir o aprendizado dos alunos vulneráveis, estabelecer a seleção, remuneração e carreira de bons professores é tão importante quanto difícil. Sabemos que o salário dos professores brasileiros é menor que o de outros países da Organização para a Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE). Contudo, sabemos também que 92% dos pais de estudantes no ensino fundamental público têm remuneração inferior à do piso salarial nacional da educação básica, de R$ 3.840, de acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2022.
Portanto, na comparação dentro do próprio Brasil, os professores estão entre os 8% de maior remuneração. Esse dado informa a respeito da posição da profissão na da sociedade brasileira. Somos um país pobre, mas o piso salarial dos professores está entre os 8% mais altos.
No entanto, apesar de o piso ser atraente no comparativo nacional, 46% dos professores do ensino fundamental público declaram na PNAD de 2022 estar recebendo remuneração abaixo do piso nacional. Quantos desses profissionais estão garantindo o aprendizado dos alunos e não recebendo o que lhes é de direito?
Aos professores que têm bons resultados de aprendizagem, poderíamos, inclusive, premiá-los acima do piso. Aos professores que não têm sucesso em sala de aula, deveríamos investir em formá-los ou realocá-los para outras funções. Em nenhum desses casos, de sucesso ou insucesso, o descumprimento do piso parece ser uma boa resposta.
É inquestionável a importância e o desafio da profissão de professor. Somos um país de alunos e de famílias vulneráveis e cheios de esperança por um futuro melhor que a educação pode nos proporcionar.
Talvez a sociedade brasileira esteja disposta a remunerar acima dos 8% os professores que têm sucesso na aprendizagem dos nossos alunos, apesar de sermos um país pobre. Aos professores que não estão conseguindo ensinar, é nosso dever delimitar encaminhamentos de requalificação ou realocação.
Nossos alunos precisam ter professores que garantam o aprendizado. Caso contrário, no enorme desafio de garantir a nossa educação, não concretizamos nem a carreira justa e atraente aos professores e nem o país em que crianças e jovens aprendam em sala de aula.
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