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Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Descrição de chapéu Maratona

'White Lotus' retorna e se perde ao trocar sua velha acidez por clichês na Itália

Segunda incursão da série explora casamentos, relações e frustrações amorosas em geral

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George Constanza, o mais enervante dos personagens de "Seinfeld", defendia que uma boa performance (de trabalho, de humor) deveria ser interrompida no auge para não haver chance de derrocada --uma regra que ele mesmo nunca conseguiu seguir.

Mike White, o criador da ótima "The White Lotus", da HBO, parece ter sido acometido por um surto de George Constanza ao dar a sua obra-prima uma desajeitada sequência.

Se na primeira temporada, no ano passado, fomos apresentados a personagens dolorosamente horríveis encenando um conflito de classes anabolizado dentro de um resort, a segunda incursão explora casamentos, relações e frustrações amorosas em geral.

A acidez que na leva anterior produziu cenas memoráveis parece ter sucumbido a uma pesada dose de clichês, a começar do cenário, que passou do Havaí para a Sicília. E, como o melhor personagem da outra temporada morreu, acabou com Tanya, a ultrarrica infeliz interpretada por Jennifer Coolidge, a tarefa de conduzir o novo enredo.

A empresária agora está casada com Greg, papel de Jon Gries, a quem conheceu no resort havaiano, sem ter conseguido aplacar a carência e a desconfiança. O casal viaja à Itália para uma semana de férias românticas, e novamente a história se desenrola no perímetro de um hotel de luxo, com novos personagens.

A história de Tanya, talvez a mais complexa, acaba ofuscada pela de dois outros grupos de americanos que ali estão --uma família de avô, pai e filho, os Di Grasso, interessados em rastrear suas raízes italianas, e o de dois ex-colegas de faculdade, o tímido Ethan e o falastrão Cameron, que decidem tirar férias com as respectivas mulheres, Harper e Daphne, juntos.

A classe operária desta vez é composta por Portia, assistente de Tanya; Francesca, a gerente do hotel; e a dupla de jovens prostitutas Lucia e Mia.

Apesar de reunir nomes conhecidos, como F. Murray Abraham no papel do avô e Aubrey Plaza no da advogada blasée Harper, o elenco perde em afinação para o da temporada havaiana, talvez o maior motivo de a série desandar.

A estrutura, porém, segue intacta. O primeiro episódio começa com um corpo cuja identidade os espectadores desconhecem, e em seguida salta uma semana para trás, mostrando a chegada de todos, então felizes, ao lugar.

A dinâmica entre os dois casais, e seus aparentes conflitos de personalidade, parece emprestada de qualquer série novelesca esquecível dos anos 1990, sem nenhuma preocupação em adensar os personagens ou suas motivações.

Menos entediantes são os Di Grasso, cujo elo central, o executivo Dom (Michael Imperioli, de "Família Soprano") hesita entre recuperar o casamento ou ceder a uma compulsão sexual patológica.

A nova safra até entretém, mas fracassa em construir o clima necessário para que torçamos para salvar um ou outro personagem de ser o cadáver (ninguém ali, afinal, é interessante o suficiente). Deviam ter parado no auge.

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