Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Luciana Coelho
Descrição de chapéu Maratona

'Casa do Dragão' se descola de 'Game of Thrones' e diverte, mas fica aquém

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Passados seis episódios, "A Casa do Dragão" tem se saído bem na tarefa de manter o espírito de "Game of Thrones" sem se confundir com a predecessora. Mais política, e até agora menos violenta, parece lapidada para tempos em que feminismo e diversidade estão na ordem do dia.

Diferentemente de outras tramas ressurretas, as duas vertentes entram de forma natural nesta versão televisiva da saga dos Targaryen, assinada por Ryan J. Condal em cima da obra do escritor George R. R. Martin.

O protagonismo feminino, esboçado na versão escrita, sobressai na produção com a opção de recortar e amplificar em cena a querela entre a rainha Alicent Hightower (Olivia Cooke/Emily Carey) e a princesa Rhaenyra Targaryen (Emma D’Arcy na versão adulta, e a estupenda Milly Alcock, encarnando o puro cinismo, como a adolescente).

Embora o papel das mulheres na corte de Westeros seja sobretudo parir herdeiros, as duas têm uma verve política de fazer jus à Claire Underwood de "House of Cards".

Uma pena que a série mostre isso meio à luz de rixa feminina e não de ambição, sobretudo da parte de Alicent, que se casou com o pai da ex-amiga Rhaenyra e quer o trono para o próprio filho, primeiro herdeiro homem do rei Viserys (Paddy Considine).

A segunda vertente, a da diversidade, adota o recurso de "Bridgerton". Atores negros foram escalados para papéis de nobres —não de escravizados como na série anterior— e dão cara à importante família Velaryon.

"A Casa do Dragão" envereda pela intriga palaciana mais cedo que a série da qual derivou, pródiga em surpresas. A profusão de sangue que jorrava em "GoT" é mais comedida aqui, embora não haja economia (em um dos capítulos, o amante da princesa dilacera a cabeça do amante do
príncipe com socos).

Resta também menos espaço para dúvidas e sombras, as alianças são explícitas e os conchavos, nítidos. Maldades e desvios que foram apenas insinuados nos livros aqui não permitem dúvida —a paternidade dos filhos de Rhaenyra, o assassino do principal conselheiro do rei, a natureza da morte da primeira mulher Daemon Targaryen (Matt Smith, de "Dr. Who" e "The Crown").

É menos estimulante para o espectador, desconvidado a tirar suas próprias conclusões, mas ainda divertido de acompanhar e fazer match.

Lorde Larys Strong (Matthew Needham) se enuncia como a grande víbora desta temporada, papel que outrora coubera a Littlefinger; ser Criston Cole (Fabien Frankel) por vezes lembra Jon Snow, mas com um recalque bem mais comezinho, e Otto Hightower (Rhys Ifans) tem algo da nobreza triste de Ned Stark.

Sem Milly Alcock em cena na recém-iniciada segunda fase, Matt Smith carrega sozinho o fardo de imprimir alguma dubiedade a um personagem. Seu Daemon é perverso, mas não de todo mau; ora ambicioso, ora desinteressado, acaba por ser o mais
humano dos personagens, ou o menos caricatural deles.

E, claro, há os dragões. Desta vez um elemento concreto e não uma expectativa, funcionam mais como objeto de cena do que motor do roteiro.


"A Casa do Dragão" está na HBO, com novos episódios aos domingos

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.