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Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais

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Mensagem de áudio

Outro dia a Alice me mandou um áudio de sete minutos, acredita?

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E aí, amiga, tudo bem? Desculpa te mandar mensagem de áudio, é só porque estou na rua, na maior correria, arrastando sacola de supermercado, enfim. Achei mais prático falar por aqui mesmo.

Não sou fã de passar radinho para os outros, mas juro que vou tentar ser breve. Outro dia a Alice me mandou um áudio de sete minutos, acredita? Sete minutos.

Esse hacker e o Glenn Greenwald tinham que ser canonizados. Você escutar 1.600 horas de conversa, quem aguenta? Ainda mais com aquela voz do Moro, de chinchila pisoteada. E a Alice ainda defendeu o Boquinha de CD Player como se fosse a "conje" dele.

Eu nunca tinha brigado assim com ninguém. De falar: "Não olha mais na minha cara, querida". Sim, a gente partiu para ofensa, eu a xinguei de "querida" e ela baixou ainda mais o nível me chamando de "amore". Sempre quis ter uma inimiga, para desejar vida longa, mandar beijinho no ombro, mas, na prática, a sensação não é legal. Parece um pelo encravado na virilha, pulsando. (SONS INAUDÍVEIS)

Desculpa. Uma patinete quase me atropelou aqui. E vinha um ônibus logo atrás, a gente não morreu por um triz. A gente, no caso, eu, e o cara da patinete. Quem anda de patinete é o quê? Patinetista? Meu Deus. Será que vale a pena morrer brigada com uma amiga só porque ela é Morete?

Por outro lado, a vida é muito curta para ser amiga de Morete. Um milésimo de segundo faz toda a diferença, e eu não tenho sete minutos para desperdiçar com um minipodcast delirante no WhatsApp. Como as pessoas se distraem dos fatos com tanta facilidade?

Aliás, você chegou a ver aquele post em que eu te marquei? Era um artigo exatamente sobre isso, um fenômeno global chamado... Como é mesmo o nome? Você acha que ligo para a Alice? Melhor mandar um áudio. Lembrei. Desordem informacional. As provas, ou a ausência delas, já não fazem qualquer diferença para o debate público. Mas que debate? Não se debate mais nada. Estamos todos falando sozinhos.

Opa, tudo bem? Quanto tempo. Foi mal amiga, esbarrei no ex da Márcia. Botafogo é uma surra social que vou te contar. Mas o que eu ia dizendo mesmo? Ah, sim. É tudo tão frágil. As narrativas, os heróis, as patinetes, a vida... Enfim. Acho que divaguei um pouco. Preciso entrar no metrô. Beijos, se cuida.

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