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Desmatamento criminoso coloca em risco água da cidade de São Paulo

Vereador Natalini quer CPI para investigar invasões e desmatamento de áreas de mananciais em remanescentes da Mata Atlântica

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A cobertura vegetal que envolve as represas de Guarapiranga e Billings está sendo desmatada sistematicamente por loteamentos criminosos, sem reação por parte do poder público.

Essas áreas verdes são vitais para a cidade. Elas protegem nascentes e córregos que alimentam os reservatórios essenciais para o abastecimento de água da população da região metropolitana de São Paulo.

Deveriam ter um resguardo de um raio de 50 metros, a exemplo do que é indicado para rios e cursos d’água. A mata também contribui para manter a umidade, proporcionando temperaturas mais baixas e ajudando a reduzir a poluição atmosférica.

Sem mata não tem água. Fim.

As áreas verdes são cercadas, loteadas, comercializadas e ocupadas. No processo, a mata vai abaixo.

A denúncia já é de conhecimento da prefeitura, dos vereadores, do governo do estado e dos deputados.

Quem a faz, também sistematicamente, é o vereador Gilberto Natalini (PV). Ele tem apontado a omissão e a conivência dos governos com a devastação criminosa da Mata Atlântica e suas consequências previsíveis. 

Loteamento irregular na região de Parelheiros, em uma área de mananciais que abastece a represa Guarapiranga (17/06/2019) - Rivaldo Gomes/Folhapress

Nesta semana, Natalini discursou na Câmara Municipal pedindo mais uma vez uma CPI para o caso. Na semana passada, deu um depoimento na Assembleia Legislativa de São Paulo, convocando a união de esforços entre o governo do estado e a Prefeitura de São Paulo para conter o desmatamento.

 Em agosto, o gabinete de Natalini finalizou o dossiê “A Devastação da Mata Atlântica no Município de São Paulo”, que aponta 90 áreas de desmatamento, a maior parte deles na Zona Sul. Foi entregue oficialmente à prefeitura.   

Das 90 regiões identificadas, 46 foram medidas e juntas somam 2.952.950 metros quadrados (m²). Em um cálculo de uma árvore para cada 6 m², as 46 áreas já teriam perdido 492.271 árvores. 
O dossiê relembra que já houve iniciativa conjunta para combater o desmatamento com êxito. 

“Juntos, Prefeitura de São Paulo e governo do estado realizaram entre 2005 e 2012 os programas “Defesa das Águas” e “Córrego Limpo”.

Diversos órgãos públicos se juntaram nesse esforço. Como resultado, obteve-se um congelamento de invasões em áreas de manancial. Ao mesmo tempo, inúmeras obras de reurbanização em terrenos de risco foram executadas e se pôs em prática a transferência de moradores de habitações precárias para locais seguros”.
 
A pesquisa aponta também que além dos loteamentos clandestinos, há grupos que usam essas áreas para descarte de entulho e de restos de material de construção, locais conhecidos como áreas de bota fora.

“Neste caso, a prática criminosa provoca ao mesmo tempo a eliminação da cobertura vegetal e a contaminação do solo”. 

“Se nada for feito, em pouco tempo quase não restarão remanescentes importantes de Mata Atlântica na cidade mais desenvolvida do país”, diz o dossiê.

Finados ambiental - parem de nos matar

Em 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, deixou 19 mortos com o vazamento de 43,7 milhões de m³ de lama de rejeitos em Mariana (MG). O desastre impactou o rio Doce e seus afluentes e toda a população.

Em 25 de janeiro de 2019, uma barragem da empresa Vale se rompeu em Brumadinho (MG), deixando mais de 250 mortos. Os 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração atingiram pessoas e mataram o rio Paraopeba, fonte de água e trabalho na região.

No dia 10 de agosto, conhecido como o Dia do Fogo, grileiros e produtores iniciaram um movimento conjunto para incendiar áreas da maior floresta tropical do mundo. O Brasil registrou 131.327 queimadas florestais até o mês de agosto em 2019. Só na Amazônia, foram registrados 43.573 focos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Banner da campanha de alerta contra os prejuízos ambientas vividos pelo país - Divulgação

Em setembro, um derramamento de óleo começou a atingir a costa brasileira e até agora já foram 260 os pontos atingidos. O petróleo ainda degrada as praias, os manguezais e ambientes marinhos na região nordeste e altera a vida de populações que dependem do mar para sobreviver.

Além dos desastres, o ano de 2019 também tem sido tempo de flexibilização das leis ambientais e  fragilização das áreas protegidas.

Neste sábado (2), um cortejo fúnebre deve sair do vão livre do Masp, na avenida Paulista, às 11h, para relembrar os desastres ambientais e suas vítimas. Em Recife, o ato está marcado para no Marco Zero da cidade. Em Aracaju, para a Praça do Caranguejo.

O ato é organizado pela Fundação SOS Mata Atlântica.

"Queremos destacar também como o Brasil sofre diariamente com desastres ambientais. É um rio poluído por falta de saneamento, um parque desprotegido, uma área verde desmatada ilegalmente ou uma lei flexibilizada. Tudo isso não acontece do dia para a noite. É construído a partir de cada tomada de decisão dos nossos governantes”, afirma Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da Fundação. 

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