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É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

Descrição de chapéu Futebol Internacional

No debate entre Messi e Haaland, prefiro celebrar Marta

Premiação da Fifa gerou polêmica na escolha do melhor do mundo e acertou em homenagear as mulheres

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Em um teatro de Londres, o lendário ex-treinador do Arsenal Arsène Wenger cumprimenta Cafu e abraça o capitão do penta. Pep Guardiola chega e se senta perto. Na primeira fila, Marta conversa animadamente. Eu e os outros jornalistas estamos nas fileiras de cima. Um anúncio no alto-falante pede que todos ocupem seus assentos, a cerimônia vai começar.

O The Best, premiação anual da Fifa que elege os melhores do mundo, reúne a nata do futebol. O prêmio considerado o principal da noite, melhor jogador do planeta, gerou debate pela escolha de Lionel Messi –o período de análise não incluía a Copa do Mundo. Muitos acharam que Erling Haaland deveria ter levado. Messi não foi, e o apresentador, o francês Thierry Henry, disfarçou, brincando que pegaria o prêmio: "Nunca ganhei", "eu vim!".

Na ausência de Messi, Henry segura o troféu de melhor - Adrian Dennis - 15.jan.24/AFP

A discussão é válida. No entanto, prefiro focar o que considero o acerto da noite: exaltar o futebol feminino.

Todos os prêmios foram entregues por mulheres, entre elas, Formiga. Na abertura, um clipe mostrou jogadas incríveis da Copa do Mundo feminina, disputada no ano passado. Em um torneio com recordes de público e audiência, ficou claro que a modalidade é atraente e um grande negócio.

O critério no feminino incluiu o período do Mundial e era esperado que a campeã Espanha e a vice Inglaterra dominassem a premiação. A espanhola Aitana Bonmatí foi eleita melhor do mundo. Sarina Wiegman, treinadora da seleção inglesa, a melhor técnica de uma equipe feminina.

E o momento mais emocionante foi de uma brasileira. Marta, seis vezes melhor do mundo, recebeu uma homenagem das mãos da esposa de Pelé por sua carreira. E será imortalizada. A versão feminina do prêmio Puskás, de gol mais bonito, levará o nome dela.

Falei com Marta após a cerimônia. "Tinha ideia de que algo aconteceria, que eu entregaria algum prêmio, mas não uma homenagem como essa", disse-me. "A primeira para alguém em atividade e em vida. Um orgulho muito grande. Como dividi no meu discurso, quero que as mulheres se sintam motivadas e determinadas a seguir, lutar por seus objetivos, não só no esporte, em qualquer profissão."

O tom da resposta não surpreende. Marta é engajada e altruísta. Sempre que pode, usa seu status para incentivar as mulheres. E é humilde. Perguntei sobre seu tamanho no esporte. "Não procuro focar a minha pessoa, mas é gostoso ouvir de você, das pessoas, mostra que estou fazendo a coisa certa, lutando por causas que valem a pena para a sociedade."

Marta discursa na cerimônia de premiação da Fifa - Andrew Boyers - 15.jan.24/Reuters

O discurso mais carisma foi o do brasileiro Guilherme Madruga, que agradeceu aos pais ao ganhar o Puskás por um golaço de bicicleta pelo Botafogo de Ribeirão Preto. Guilherme me disse que sonha jogar na seleção e na Premier League. "Troquei ideia com o Cafu, com o Ederson, cumprimentei o Rúben Dias, o Pep Guardiola. Não poderia imaginar que eu estaria com eles, parece que estou em um videogame, é algo surreal na minha vida."

Zagallo ganhou uma bonita homenagem. Ederson, do Manchester City, foi eleito melhor goleiro. A seleção brasileira levou o prêmio Fair Play por ter usado uniforme todo preto no amistoso contra Guiné, em repúdio ao racismo sofrido por Vinicius Junior. Ronaldo, Cafu, Belletti, Julio Cesar, Roberto Carlos e Roque Júnior receberam a honraria em nome do time.

Há quem não ligue para o prêmio, ou ainda esteja debatendo quem é o melhor do mundo. Antes de Messi e Haaland, sou mais a Marta.

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