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Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

Descrição de chapéu casamento

O sexo das mulheres maduras

As mulheres são, ao mesmo tempo, únicas e plurais; seus desejos e comportamentos sexuais também

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Recentemente uma jornalista me perguntou sobre “O sexo das mulheres maduras”. Estranhei quando ela disse que eu tenho um “lugar de fala”, que sou uma “porta-voz, representante e símbolo das mulheres maduras”. A primeira imagem que me veio à mente foi a de uma fruta prestes a cair da árvore, que precisa ser comida logo, pois está na iminência de estragar, apodrecer, envelhecer, ser descartada e jogada no lixo.

Eu me senti desconfortável pois não tenho “lugar de fala” nem sou “porta-voz” de ninguém. Como antropóloga, preciso exercer um certo distanciamento para observar e compreender a realidade que pesquiso.

Apesar de ser classificada como uma “mulher madura”, sou apenas uma mulher, independentemente da idade que eu tenho, que escreve sobre os caminhos de libertação para todas as mulheres. Mais importante ainda, as mulheres têm a sua própria voz e não precisam de “porta-voz” para expressar seus desejos, medos e insatisfações. Por fim, não acredito que ter mais idade é sinônimo de maturidade.

A minha coluna de maior sucesso na Folha é “O sexo das mulheres mais velhas”. O que escrevi nela vale para “mulheres maduras” e também para mulheres de todas as idades.

​Existem mulheres que sempre gostaram de sexo e procuram todos os recursos disponíveis no mercado para continuarem tendo prazer na cama. Algumas que já fizeram muito sexo no passado, mas que hoje não querem mais.

Outras que usam a velhice como desculpa, pois acham que já cumpriram com suas “obrigações conjugais e sexuais”.

Muitas que querem continuar tendo uma vida sexual prazerosa, mas não com o atual parceiro. Aquelas que têm uma vida sexual intensa fora do casamento. Inúmeras que gostam do sexo virtual, que se masturbam, que preferem o vibrador.

Mulheres que tiveram muitos parceiros ou apenas um, as que são infiéis ou foram traídas, as que nunca tiveram um orgasmo ou aquelas que têm orgasmos múltiplos e tantas outras.

Há mais de trinta anos pesquiso mulheres que se sentem prisioneiras de modelos de sexualidade e que lutam para se libertar dos preconceitos sobre o que é ser uma “mulher livre”.

Existe uma enorme diversidade de desejos e comportamentos entre as mulheres. Após a revolução sexual do século XX, será que ainda é possível rotular e aprisionar as escolhas femininas?

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