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'Não sou homofóbico, brinquei e apanho até hoje', diz Ratinho

O apresentador afirma que o 'mundo está chato' e que não volta à política porque seria 'ditador'

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O apresentador Ratinho na casa em que fica seu escritório, na zona oeste de São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

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São Paulo

“Por que toda novela tem que ter um casal de homossexuais?”, questiona Carlos Roberto Massa, o Ratinho. Mas ele não se considera homofóbico.

 

“Tá louco? Pelo amor de Deus. Sou totalmente liberal. Quantos homossexuais trabalham comigo ao meu redor? Tenho um carinho especial por eles.” 

 

“Só acho que a Globo começou a forçar muito”, diz o apresentador do SBT, que publicou um vídeo em janeiro dizendo que nos folhetins da emissora carioca tem “muito ‘viado’”. "Nenhuma televisão pode exagerar em impor isso. Tudo bem, o homossexual existe. Mas a superexposição irrita o telespectador”, diz. “Quando está em um contexto, eu concordo. Se não, discordo.”

 

“Aí dizem: ‘Ah, mas é tudo proporcional’. É proporcional? A maioria da população hoje é negra, parda. Então vamos encher a televisão de pardos.”

 

Em 2018, Ratinho completa 20 anos da estreia no SBT, com quem hoje divide o faturamento de sua atração, exibida nas noites de segunda a sexta. Antes, foi engraxate e radialista, vendeu “churrasquinho de gato” e despontou como repórter policial com Luiz Carlos Alborghetti. De estudo, tem até o segundo grau.

 

Ele prefere o termo “popular” à pecha de “sensacionalista” que recebeu graças às brigas e atrações bizarras que televisionou nos anos 1990. “Meu programa hoje é completamente leve. O sensacionalismo ficou para a internet”, afirma.

 

Ele define seu comentário sobre os homossexuais, por exemplo, como “uma brincadeira”. “Não me arrependo porque não fiz para ofender”, defende. “Brinquei com aquilo e me enrabei.” 

 

“Apanho até hoje [pelo vídeo]. Não gosto dessa ideia de chamar quem pensa diferente de homofóbico. Homofóbico é aquele que agride, que não concorda. Acho que tudo tem que ser respeitado. Como eu também tenho que ser respeitado. Quem me conhece sabe que eu respeito todo mundo.”

 

“O mundo está muito chato Você não pode brincar. Tem sempre um mala te criticando nas redes sociais. Que escreve melhor e te mói. Porque quando quer bater em alguém, você acha argumentos.” 

 

Em um episódio do Programa do Ratinho exibido no SBT em 2016, o apresentador deu um chute em uma caixa. Dentro dela estava a assistente de palco Milene Pavorô.

 

“No programa tem uns anõezinhos, e eu achei que fosse um anão que estivesse ali. Então chutei na parte de cima. Mas era a menina. E eu não sabia. Nem relou nela. Ela fingiu que saiu chorando porque faz parte do jogo, é uma atriz. Depois, ela deu um depoimento falando que era brincadeira. Estava combinado. Só que estava combinado com um anão.” 

 

O caso é citado em um processo que o Ministério Público do Trabalho abriu contra o SBT, em 2017, pedindo R$ 10 milhões de indenização por danos morais coletivos. "Acho o Ministério Público muito importante. Mas eles dão importância para cada coisa sem importância. Às vezes o ego do promotor, de uma ONG, fala mais do que muita coisa.”

 

“Tirar uma criança da rua e cuidar dela não sai no jornal. Falar que o Ratinho chutou uma caixa com uma menina dentro, sim. Nesse ponto, acho que é para aparecer.”

 

Vereador por duas vezes e deputado federal entre 1991 e 1995, Carlos Roberto Massa se considera “total a favor da democracia”. Mas afirma que não volta a se candidatar por “dois grandes motivos”. 

 

“Eu era péssimo político. Porque não sou democrático o suficiente para ser parlamentar e não tenho a paciência que precisa. Seria um ditador que não aceita a opinião dos outros. Não aceito no programa.”

 

“Então fico na iniciativa privada, que é onde me dá dinheiro.” Na sua opinião, “função pública é uma missão”. “Não pode entrar para ganhar dinheiro. O dinheiro público, já diz o nome, é público.”

 

Ratinho não é a favor de um governo militar. “Limita muito a ação do povo”, avalia. Mas apoia a intervenção no Rio. “Não tem outra solução.”

 

“Acho que essas grandes quadrilhas e as milícias dominaram tudo. Virou máfia. E para enfrentar a máfia tem que ser militar. O bandido tem medo de militar. De civil, não. Ele acha que o advogado dele resolve o problema --e, na maioria das vezes, resolve. Acredito que no fim do ano vamos ter um baita resultado no Rio.”

 

Ratinho ainda não decidiu em quem vai votar para presidente, mas diz que o rol de opções “não está tão ruim quanto dizem”. “O povo vai achar um candidato que não é nem de direita nem de esquerda e que vai colocar o Brasil nos trilhos. Vai acabar com a corrupção? Não. Só que acho que vai baixar. O Brasil vai se equilibrar.”

 

“O [Jair] Bolsonaro é um cara sério. Agora, não sei se ele é o ideal para o Brasil.” Sobre o atual presidente, ele considera que Temer apanha muito, muitas vezes indevidamente”. “Mas ele segurou o barco e não deixou afundar”, diz.

 

O apresentador defende que a Justiça, “como um dos poderes, tem que ser respeitada”. Mas pensa que o Brasil “tem que mudar a lei”. “Todas elas. Temos que ser mais duros. A lei é muito frágil. Nós temos que mudar toda a coisa. Mudar a Constituição”, afirma. “Aqui o camarada faz o que quer e não acontece nada.” 

 

Ele ficou “com dó de Lula [por ter sido preso]”. “Eu tinha uma afeição muito boa por ele. Não queria que tivesse acontecido isso”, conta. Mas reflete “que o Luiz Inácio matou o Lula”. 

 

“Ele [Lula] se envolveu, começou a conversar muito com empresários. A gente vê muita gente da esquerda falando que é contra privatização. Mas o sistema privatizou o país para a Odebrecht.”

 

“Acho que a prisão é justa. Não para o Lula em si, mas para qualquer pessoa. O Marcelo Odebrecht foi preso. O Palocci. O Aécio virou réu. Então não é o Lula. Isso [críticas à condenação do ex-presidente] é uma bobagem que a esquerda está querendo arrumar pra fazer comício”, diz. “A gente não pode achar que a Justiça está errada e só o PT está certo. Se não, fecha o país.”

 

Ratinho é contra a transmissão de julgamentos do Supremo Tribunal Federal. “Você expõe muito [os magistrados da corte]. A ponto de o MST ter a petulância de ir jogar tinta na casa de uma ministra [Cármen Lúcia]. Não pode chegar a esse ponto. Aí é guerra.”

 

Ele é a favor de “privatizar tudo”. “A Petrobras não é uma companhia petrolífera. É um sistema de aumentar ou diminuir impostos. O governo não consegue passar o imposto no Congresso, ele aumenta a gasolina e arrecada o que quer.”

 

Carlos Roberto Massa, 62, nasceu em Águas de Lindóia, interior de SP, mas foi criado em Jandaia do Sul, no Paraná. Hoje ele é corpulento, mas já foi muito “fraquinho”. “Os outros meninos não me deixavam jogar futebol. Aí eu esperava, roubava a bola e escondia. Só devolvia se me deixassem jogar. Ai ficou: ‘Ó o ratinho.’”

 

 

O apresentador também é dono de fazendas e da Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná. Ele diz vestir só roupa preta há dois anos inspirado em Steve Jobs, criador da Apple. 

 

Ele adora séries. “Assisti dois capítulos de "O Mecanismo" [sobre a Lava Jato], mas achei meio exagero e não vi mais”, diz. Sobre "A Casa de Papel", que retrata o roubo a um banco, diz que a primeira temporada foi “maravilhosa”. “A segunda é uma enrolação do cacete. Começam a fazer você de bobo na frente da TV.” 

 

Ratinho é fã de Danilo Gentili. “Ele encontrou o tom. Acho ele de bem com a vida. É meio irresponsável. Se der certo, deu. Se não der, tá bom também”, diz sobre o âncora do programa The Noite. “A gente não se preocupa muito”, compara-se ao colega de emissora.

 

“Eu sempre gostei muito do humor do [Marcelo] Adnet, mas acho que ele não encontrou a popularidade que a televisão aberta quer. O Tá no Ar [humorístico da Globo do qual Adnet participa] é um baita programa, mas acho que não é todo mundo que entende.”

 

“Hoje é muito difícil fazer rir na televisão, porque está tudo muito exposto. Antigamente, com qualquer palavrãozinho o cara já dava risada.”

 

“Ganhei esse público que não quer preocupação depois de jantar. Que vê o Jornal Nacional e não quer os dramas da novela. Ele quer sentar no sofá e assistir televisão. Querendo dar risada, brincar um pouco.”

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