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Descrição de chapéu Olimpíadas 2024

Técnico diz que Marta tem 'grande chance' de estrear nas Olimpíadas como titular contra a Nigéria

Craque brasileira disputará seus últimos Jogos Olímpicos

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Quis o destino que Arthur Elias comandasse a seleção brasileira de futebol feminino naquela que deve ser a última Olimpíada disputada pela maior craque de todos os tempos, a jogadora Marta.

"É mais um motivo, dentre tantos, que temos para trabalhar com muito foco", afirmou ele à coluna na noite de terça (23), logo depois do penúltimo treino da seleção antes da estreia.

A jogadora Marta antes de partida em Saitama, nos Jogos de Tóquio - Reuters

O time estreia nos Jogos Olímpicos de Paris na quinta (25), contra a Nigéria. A partida será em Bordeaux.

A grande expectativa é sobre as jogadoras que entrarão como titulares na partida. Marta estará entre elas? Ele não confirma, mas diz que as chances são grandes.

Arthur Elias assumiu o comando da seleção em 2023, depois de um fracasso retumbante do time na Copa daquele ano, em que não conseguiu passar da fase grupos.

Ele admite que as expectativas da torcida de que as jogadoras voltem com uma medalha no peito são baixas. "Mas a minha é alta. E a do grupo também", afirma.

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EXPECTATIVAS

Como foi o treino?
Foi ótimo, gostei bastante, e não apenas do treino de hoje. [As jogadoras] Estão indo super bem.

Há muitos anos o futebol feminino do Brasil não traz uma medalha olímpica para casa. A expectativa neste ano em relação ao nosso desempenho é baixa. Como isso pesa nos seus ombros?
Esta análise, que é feita pela imprensa e pelo público, talvez se deva muito mais a resultados anteriores da seleção.

Mas a minha expectativa é alta. E a do grupo também. Mais do que expectativa, trazer uma medalha para o Brasil é o nosso objetivo.

Arthur Elias, treinador da seleção brasileira de futebol feminino - Thais Magalhães/CBF

Não sinto nenhum tipo de pressão. Apenas o orgulho de estar aqui vestindo a camisa da seleção e comandando o futebol de mulheres do país, algo a que me dediquei nos últimos 17 anos da minha vida.

Estou tranquilo e preparado para esse desafio. É uma competição que se caracteriza pelo fato de que muitas seleções podem vencer as Olimpíadas, pelo sistema de disputa e pelo equilíbrio que existe na modalidade hoje em dia.

A MELHOR DO MUNDO

Esta deve ser a última Olimpíada da jogadora Marta. Que impacto emocional isso tem no time?
É um fato que está sendo visto de forma muito natural. Todos nós sabemos que provavelmente será a última Olimpíada da Marta. Mas não ficamos conversando sobre isso no dia a dia.

Ele é mais um motivo, dentre tantos, que temos para trabalhar com muito foco.

A Marta é a figura maior do futebol feminino mundial. É uma figura histórica, a maior craque de todos os tempos. Uma conquista dela será de todo o futebol brasileiro.

Para ganhar no futebol, precisamos pensar coletivamente. E ela tem muito compromisso com as ações dentro e fora do campo, tanto com a bola como sem a bola.

Marta é uma líder nata. Tem uma espontaneidade muito grande, uma fala muito acertada

Arthur Elias

técnico da seleção brasileira de futebol feminino

Ela está cumprindo muito bem isso e vai jogar dentro da característica dela, com a liberdade que ela precisa em campo. Vai jogar numa posição em que tem se sentido muito bem. E o grupo pode, sim, potencializar o desempenho dela.

Eu sinto a Marta muito leve, em um grande momento, indo muito bem em seu clube.

Então são coisas suplementares. O sonho dela é o sonho de todas as atletas. E a gente vai buscar esse objetivo passo a passo.

Eu imagino que a larga experiência dela ajude as jogadoras mais jovens, que estão estreando em uma Olimpíada.
A Marta é uma líder nata. Tem uma espontaneidade muito grande, uma fala muito acertada, sabe se colocar nos momentos certos.

É uma líder técnica também, que muitas vezes dá o ritmo da equipe dentro de campo. É também uma liderança pelo fato de treinar sempre no máximo, em treinos curtos, mas de muita intensidade e concentração.

ESCALAÇÃO

Ela vai jogar como titular, certo?
Eu não trabalho muito com equipe titular. O futebol passou recentemente por muitas mudanças, e eu acredito que teremos em breve número de substituições maior, com um elenco mais numeroso de atletas para essas competições.

O grande desafio, portanto, é saber que não importa quem vai jogar, pois todo mundo vai estar preparado.

O futebol já não permite que você jogue com 11 atletas, e depois de um curto tempo de descanso, repita as 11 mesmas atletas. Para ter qualidade, eu rodo muito o elenco, uso elas em jogos diferentes.

Mas a Marta entra como titular no jogo contra a Nigéria?
Ela tem uma grande chance, sim, de ser titular, por tudo o que tem feito nos treinamentos.

Então pode confirmar?
Eu não posso contar para você, Mônica, antes de contar para elas [as jogadoras]. Seria, como líder, um erro. Elas vão ter logo mais essa confirmação.

A gente treina algumas opções, entendeu? Eu tenho treinado com algumas variações. Todas elas foram rodando, no plano Espanha, no plano Japão e no plano Nigéria [países que o Brasil enfrentará na primeira fase]. Eu fui rodando bastante porque a gente nunca sabe muito antes quem serão as titulares. E todas elas precisam estar preparadas.

Nesta quarta (24) teremos o último treino. E aí, sim, será definida a equipe que vai sair de titular. Acredito que todas vão estar muito confortáveis pois já experimentaram o nosso plano de jogo simulando contra aquilo que a gente imagina da Nigéria.

DERROTAS

Antigamente, a seleção brasileira era forte, e o campeonato nacional era fraco. Hoje é o oposto. Por quê?
Na Copa América o Brasil seguiu vencendo e sempre indo bem. Nas datas Fifa também mostrou competitividade alta contra as principais seleções. Enfrentou a Espanha, a Inglaterra e fez grandes jogos, nunca deixou de ser competitiva.

Mas alguns resultados nas últimas grandes competições, como Copa do Mundo e Olimpíadas, realmente não vêm sendo positivos. Todo mundo que está no meio do futebol feminino acredita que a seleção poderia ter ido mais à frente nessas competições.

Estou esperando o momento de estrear e com fome de bola, querendo fazer o melhor para defender o nosso país

Arthur Elias

técnico da seleção brasileira de futebol feminino

O fato de o campeonato ter melhorado seu nível se deve, sim, à decisão acertada da CBF [de obrigar grandes clubes a terem times femininos]. Os clubes abriram as portas para o futebol das mulheres, deram mais estrutura e a resposta foi rápida.

Mas os campeonatos do mundo inteiro melhoraram. Essa ação [da CBF] contribuiu para que a gente não ficasse ainda mais para trás.

No futebol você não controla o resultado.

RENOVAÇÃO

O Brasil demorou muito para fazer a renovação da sua seleção?
A renovação é feita de forma natural. Não adianta a gente forçar. Precisamos abrir para as melhores do momento. Precisamos convocar por merecimento, por aquilo que as atletas estão fazendo em seus clubes. E, claro, pelo modelo de jogo e a eficiência que demonstram na seleção e o quanto contribuem para o ambiente. Não é algo isolado.

Das 18 jogadoras convocadas, 14 nunca disputaram uma Olimpíada. Como está a ansiedade delas? Há um acompanhamento psicológico?
Como eu disse, o que vale para mim é o que a jogadora faz pela seleção. Ok, o Brasil tem 14 das 18, a Nigéria tem 18 das 18, a Espanha tem 18 das 18 [jogadoras estreantes em Olimpíadas]. Porque a Espanha nunca disputou Jogos Olímpicos. E é tida como a grande seleção, por mérito, por ter sido campeã.

A questão da ansiedade é super natural. Em nível controlado e canalizado para aspectos positivos, ela é muito importante. Porque quando não existe ansiedade é porque vai ser muito difícil ter motivação.

Obviamente que a gente precisa controlar um pouco o nervosismo, situações que atrapalham o sono, que é tão importante para a preparação e a recuperação dos atletas.

Eu sinto o grupo com ansiedade boa, leve, confiante. Estou esperando o momento de estrear e com fome de bola, querendo fazer o melhor para defender o nosso país.

Vamos enfrentar Espanha, considerada a mais forte dessa chave inicial, o Japão e a Nigéria. O que esperar?
A Nigéria empatou com a Inglaterra no mata-mata da Copa. Perdeu da vice-campeã nos pênaltis.

É uma seleção que historicamente toma muito pouco gol. Na Copa, só tomou gol em um jogo contra a Austrália. E segue assim. É uma grande seleção. Acho que nossos três jogos serão equilibrados. Todos os jogos da Olimpíada vão ser muito equilibrados.

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