Siga a folha

Descrição de chapéu alimentação

Receita faz operação contra comércio ilegal e apreende vinhos no restaurante Tuju, em SP

OUTRO LADO: Estabelecimento afirma que rótulos foram comprados legalmente de acervo pessoal do dono da importadora Clarets

Assinantes podem enviar 7 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

O restaurante Tuju, dono de duas estrelas Michelin, e a importadora Clarets foram alvos de uma ação da Receita Federal contra o comércio ilegal de vinhos de luxo na cidade de São Paulo.

A Operação Bordeaux, em referência à região francesa onde são produzidos alguns dos rótulos apreendidos, ocorreu nesta terça-feira (6). O órgão realizou busca e apreensão de vinhos no restaurante.

Localizado no bairro Jardim Paulista, o Tuju é fruto de uma sociedade do chef Ivan Ralston com sócios da Clarets, que tem uma unidade na Bela Vista e também no Rio de Janeiro.

Agentes da Receita Federal realizam busca e apreensão de vinhos de luxo na Operação Bordeaux, em São Paulo - Receita Federal/Divulgação

Segundo a Receita, a ação teve como alvo "um grupo econômico" suspeito de comercializar vinhos de luxo importados de maneira irregular. O órgão afirma que não pode "identificar contribuintes alvo de fiscalizações".

As garrafas, segundo a Receita, eram vendidas por até R$ 100 mil.

O órgão diz, em nota, que "a expectativa é que as apreensões sejam da ordem de 4.000 garrafas", totalizando um valor de mercado de até R$ 6 milhões. De acordo com o órgão, os impostos sonegados seriam de cerca de R$ 3 milhões.

"A operação representa milhões em prejuízo para uma organização que ostenta riqueza obtida, ao menos em parte, pela prática de ilícitos. Além da perda das mercadorias apreendidas, os responsáveis serão processados pelo crime de descaminho e outros correlatos", afirma a Receita, em nota.

Procurado pela Folha, o Tuju afirma que 352 garrafas de vinhos foram apreendidas —e que os produtos foram "regularmente comprados" pelo restaurante.

As garrafas seriam do acervo pessoal do proprietário da Clarets, Guilherme Lemes, e teriam sido vendidas por ele. Lemes é sócio fundador da Clarets e também um dos sócios do restaurante.

Procurado pela Folha, Lemes afirma que "a Receita Federal fez uma operação no Tuju e apreendeu 352 garrafas entre as mais de 5.000 que [o restaurante] tem na adega. Essas garrafas são provenientes do meu acervo pessoal, garrafas de herança, que eu, via minha importadora, vendemos para o Tuju".

Segundo Lemes, parte das garrafas apreendidas seriam servidas em um wine dinner no restaurante, que foi cancelado. Ainda de acordo com o empresário, todas as garrafas situadas na adega pertencem ao restaurante –que compra bebidas de diversas importadoras, entre elas a Clarets.

"E essas garrafas [apreendidas] foram o questionamento da Receita Federal, por serem garrafas antigas e raras", completa Lemes. Ele confirma que a Receita visitou o escritório da empresa na capital paulista.

A Folha questionou a Receita sobre a diferença no número de garrafas apreendidas mencionado pelo restaurante, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

O Tuju cancelou a quarta edição de um wine dinner —jantar exclusivo com degustação de vinhos— que seria realizado nesta quinta (8) para apenas 17 clientes. Os ingressos custavam R$ 14.900, sem incluir os 15% de serviço.

O restaurante diz que "havia sido apenas contratado [pela Clarets] para operacionalizar tal jantar, que foi cancelado em virtude do ocorrido".

Na lista há rótulos como um Screaming Eagle, safra de 1997. Produzida em Napa Valley, nos Estados Unidos, a garrafa é comercializada online por um site americano por US$ 8.000 (cerca de R$ 45 mil, na cotação atual).

O menu de dez tempos, assinado pelo chef Ivan Ralston, seria harmonizado com "18 [dos] mais icônicos vinhos americanos, todos com pontuação 100 [do crítico de vinho] Robert Parker", segundo o flyer do evento.

O novo Tuju foi reaberto em setembro do ano passado, depois de três anos fechado. A casa, que anteriormente era instalada em Pinheiros, foi projetada do zero para ser um restaurante de fine dining (ou alta gastronomia) com investimento de R$ 3 milhões.

O espaço tem uma adega com 5.000 rótulos, ocupando dois andares.

A presidente-executiva da Associação Brasileira de Bebidas Alcoólica (Abrabe), Cristiane Foja, afirma que não há garantia de qualidade em produtos trazidos de forma irregular para o país.

"As garrafas de bebidas alcoólicas provenientes de contrabando não passam pelos rigorosos controles de qualidade e segurança estabelecidos pela regulamentação brasileira", diz a entidade, que atua no combate ao mercado ilegal dessas mercadorias.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas