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Mediador de debate recorreu a bordão de Flávio Cavalcanti após cadeirada de Datena em Marçal

Leão Serva conta que estava com chaveiro de Padre Anchieta, mas nem santo foi capaz de conter os ânimos

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Mediador do debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo promovido pela TV Cultura no domingo (15), o jornalista e diretor internacional de jornalismo da emissora, Leão Serva, recorreu a um famoso bordão do apresentador Flávio Cavalcanti (1923-1986) para anunciar a interrupção do programa quando José Luiz Datena (PSDB) jogou uma cadeira em Pablo Marçal (PRTB). "Nossos comerciais, por favor", anunciou ele.

À coluna, Serva conta que ele e a equipe responsável pela atração já tinham brincado com a expressão durante as preparações para o programa. "Eu não acreditava que ia acontecer [uma agressão], mas estávamos preparados para ter que chamar os comerciais se ocorresse alguma coisa", diz.

"Nas discussões [anteriores], a gente brincava de usar o bordão do Flávio Cavalcanti. Na hora, saiu", afirma. Muito popular na TV nos anos 1980, Cavalcanti ficou conhecido por quebrar discos de artistas brasileiros dos quais criticava. "Acabou sendo uma homenagem [para ele]", completa Serva.

Desde que mediou o seu primeiro debate na Cultura, há quatro anos, Serva conta que leva com ele um chaveiro com a imagem do santo Padre Anchieta —patrono da fundação que administra a emissora— todas as vezes que vai conduzir programas semelhantes. "É uma manifestação de fé e, ao mesmo tempo, um pedido de proteção para que eu possa conduzir o debate da melhor forma", afirma.

"Só que, digamos, ele não foi suficiente para conter todo aquele [tumulto]", diz.

Chaveiro com imagem de Padre Anchieta que Leão Serva levou para mediar o debate na TV Cultura - Arquivo Pessoal

Embora ele e a equipe estivessem preparados para possíveis ocorrências, Serva diz que não pensou que a situação fosse desbancar para a violência física. Pelo contrário, afirma. "Achei que nós iríamos surpreender com um debate razoavelmente administrável."

O jornalista enumera dois motivos que o levaram a acreditar que o programa não fosse ter incidentes. O primeiro, pelas regras estipuladas e acordadas com todas as campanhas, que previam uma série de punições aos candidatos, e que foram pensadas justamente por confusões que atrapalharam debates anteriores.

E o segundo motivo, diz ele, era o fato de a corrida eleitoral já se encaminhar para a reta final. Neste estágio, segundo Serva, comportamentos virulentos aumentam a rejeição, o que não interessaria a nenhum dos postulantes ao cargo. "Eu pensei: 'Mesmo quem no passado teve um comportamento mais provocador ou agressivo, nesse aqui vai se comportar melhor para mostrar maturidade e vencer resistências e rejeição’", diz.

O que se viu, porém, foi o oposto. Datena jogou a cadeira em Marçal após uma sequência de discussões, em que o candidato do PRTB resgatou uma denúncia de assédio sexual contra o apresentador.

Para Leão Serva, Marçal agiu propositadamente para tirar Datena do debate ou para ele mesmo sair do programa. "Tanto que depois que o Datena o agrediu —o que é gravíssimo e imperdoável— ele [Marçal] chamou o Datena para continuar a briga. Também isso tudo é muita adrenalina, mas ele ficou chamando o cara para a briga [depois que o debate foi interrompido]."

O apresentador foi expulso, e Marçal foi para o Hospital Sírio-Libanês. O programa voltou ao ar com os outros quatro participantes, que lamentaram o episódio e atribuíram a responsabilidade do ocorrido tanto a Datena quanto a Marçal.

Leão Serva diz ter se arrependido apenas de uma ação que tomou. Na hora em que Datena joga a cadeira, ele deixa o púlpito para apartar a briga, e volta em seguida para anunciar os comerciais. "Nessa hora, provavelmente o mais correto era eu estar no púlpito e chamar o intervalo comercial, e só então fazer o que fosse necessário."

Em 2022, durante debate para o Governo de São Paulo, Serva acabou sendo protagonista de outro momento tenso, quando o então deputado estadual Douglas Garcia hostilizou a jornalista Vera Magalhães. Serva arrancou o celular da mão de Garcia, que gravava o entrevero, e o arremessou para longe.

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