Correspondente da Folha na Ásia
Mídia chinesa vê 'xenofobia' e 'loucura' em Eduardo Bolsonaro
No Huanqiu, ligado ao PC, 'governo de extrema direita é seguidor próximo de Trump' e faz 'jogo duplo' com Pequim
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
Na edição impressa do Global Times/Huanqiu, já pronta, a manchete é " 'Vírus Chinês' sai pela culatra". Na edição digital, a manchete para o mesmo texto é "Palavras racistas de Trump provocam ódio e alimentam xenofobia global".
O exemplo de xenofobia apresentado pelo jornal do PC chinês é Eduardo Bolsonaro.
O filho do presidente do Brasil "está culpando a China pelo surto de coronavírus, refletindo os esforços incansáveis de alguns países para repassar para Pequim sua própria incompetência em conter o vírus espalhado nas comunidades locais".
Em texto à parte, intitulado "Estigmatizar a China 'prejudica a cooperação'", o Huanqiu noticia que a embaixada no Brasil "protestou contra a estigmatização da China pelo deputado" e destaca a crítica do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a Eduardo.
Entrevista Zhou Zhiwei, especialista de Brasil na Academia Chinesa de Ciências Sociais, para quem, "embora muitos no Brasil advoguem laços próximos com a China, o governo de extrema direita é seguidor próximo do governo Trump" e age com "oportunismo e jogo duplo na cooperação comercial" com Pequim.
Por outros veículos e plataformas chineses, a repercussão é semelhante, com as mensagens do filho de Jair Bolsonaro sendo descritas até como "loucas".
'QUEDA NO HORIZONTE'
O eventual racha sino-brasileiro vem ecoando especialmente na Argentina, que concorre pelo mercado chinês.
O Clarín juntou o "protesto enérgico" da China aos cortes "abruptos" nas projeções para a economia brasileira. JP Morgan e Goldman Sachs já apontam "recessão", com queda de 1% no PIB.
VÍRUS AMERICANO?
Da ampla reação dos chineses a Trump em mídia social, vem sendo destacado um texto irônico de WeChat escrito pelo neurobiógo Rao Yi, reitor da Universidade Médica de Pequim.
Como o primeiro caso de Aids foi registrado nos EUA em 5 de junho de 1981, o HIV deveria ser chamado de vírus americano?, escreveu Rao. Como a sífilis também teria surgido lá, pergunta como chamar a bactéria causadora: "Espiroqueta norte-americana?".
RABISCANDO
No tuíte abaixo, Jabin Botsford, fotógrafo do Washington Post, detalha a imagem que obteve de Trump trocando "coronavírus" por "vírus chinês" em texto preparado para entrevista coletiva nesta quinta. No alto, foto e título no WP.
POR UM FIO
Via NYT e outros, a Reuters alerta em despacho de Seattle que com a crise a americana Boeing teria de pagar três vezes o valor da brasileira Embraer para fechar a compra. “Aumentaram as chances de que o negócio não saia”, diz analista.
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters