Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá

CNN Brasil ensaia crítica, mas deixa Bolsonaro à vontade

Presidente participou da estreia do canal, dando parabéns e dizendo que 'o Brasil está carente de verdades'

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Ao estrear no domingo (15), às 18h como site de notícias e às 20h como canal, o propósito maior da CNN foi aparentar independência. Daí as chamadas indiretamente críticas ao presidente Jair Bolsonaro e às manifestações.

Por uma hora, a barra de informações na base da tela trouxe alternadamente o enunciado "Bolsonaro contraria recomendações e aperta mão de apoiadores em Brasília". Entrevistou seu ministro da Saúde, Luiz Mandetta, para quem "fazer aglomeração é completamente equivocado".

De uma entrevista gravada com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destacou a declaração de que "chamar para protestos", como fez Bolsonaro, "é atentar contra a democracia". Até do ministro da Economia, Paulo Guedes, o destaque foi para "nunca me senti chantageado pelo Congresso", como havia reclamado o general Augusto Heleno.

Na mesma direção, a transmissão do debate entre os democratas Joe Biden e Bernie Sanders, mais à noite, posicionaria o novo canal num campo crítico ao presidente americano, Donald Trump, modelo de Bolsonaro.

O roteiro seguia sob controle, até que Bolsonaro entrou ao vivo. E as perguntas se revelaram distantes dos célebres confrontos entre Trump e Jim Acosta, o correspondente da CNN na Casa Branca.

A primeira questão do repórter Leandro Magalhães foi "Por que o senhor foi verificar as manifestações aqui em Brasília?". E a resposta foi que o ato não era iniciativa sua, que "vinha sendo marcado de forma espontânea por parte da população, cansada de desmandos, cansada de ver certas coisas que não fazem bem para a coisa pública".

Quanto à participação, "o povo se aglomerou na frente e eu fui conversar com o povo", porque, afinal, "eu sou um presidente da República do povo brasileiro". Também porque não se deve "entrar numa neurose, como se fosse um fim de mundo".

Daí partiu livremente para nova teoria de conspiração: "Com toda a certeza, há um interesse econômico envolvido nisso tudo, para que se chegue a essa histeria". Argumentou que em 2009 houve crise semelhante, mas "a reação não foi essa" porque o PT e o Partido Democrata estavam no poder, no Brasil e nos EUA.

Em tempo, Bolsonaro antes de mais nada falou: "Parabéns à CNN. A gente espera que seja uma imprensa realmente isenta e que produza a verdade. O Brasil está carente de verdades".

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