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Concentrada e governista, mídia dos EUA passa por 'sovietização'

Cobertura de 'partido único' se estende e enfrenta 'testes' comparativos com Trump; Justiça ameaça retirar salvaguardas

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O colunista de mídia e tecnologia da NBC, Dylan Byers, alertou de imediato que seria “um teste para a mídia” americana, que “estabeleceu precedente” ao explorar uma cena de Donald Trump, 74, durante a campanha.

Lembrou o título do New York Times, em junho, “Descida hesitante de Trump em rampa levanta novos questionamentos sobre saúde”.

Nesta sexta (19), as três quedas seguidas de Joe Biden, 78, na escada do avião foram para as manchetes da Fox News, anotando que ele já havia fraturado o pé três meses atrás. Mas demorou para NYT e outros acompanharem.

Na foto de Doug Mills para o New York Times, uma das quedas de Joe Biden ao embarcar no avião presidencial, para viajar para Atlanta, nos EUA, em 19 de março de 2021 - NYT

Quando o fotógrafo veterano de Casa Branca no jornal, Doug Mills, adiantou a imagem em mídia social, foi muito pressionado, inclusive por um professor de jornalismo que cobrou: “Que diabos, NYT? O tropeço é seu”.

A reportagem acabou saindo, mas longe da home page, curta e com um enunciado bastante diverso daquele de Trump, “Biden está ‘100% bem’ após tropeçar ao embarcar no Air Force One”.

O fenômeno é mais amplo, da CNN ao Washington Post, mas é o governismo do NYT nestes primeiros meses de Biden —com Trump cancelado por completo— que vem causando espécie.

Com 7,5 milhões de assinantes e concorrência cada vez menor, o jornal é alvo de comparações derrisórias, sobretudo depois de uma manchete, uma semana atrás, “Biden assume um novo papel: cruzado pelos pobres”, defensor dos pobres.

Em reação, um dos principais nomes da plataforma de newsletters de jornalistas Substack, Matt Taibbi, também da Rolling Stone, escreveu uma extensa crítica, que intitulou “A sovietização da imprensa americana”.

Menciona outros veículos e enunciados, como “Biden despeja dinheiro nos americanos, reduzindo drasticamente a pobreza”, do WP, mas o foco é mesmo o NYT, que compara ao Pravda.

Sublinha a cobertura que justificou, por interesse geopolítico, a decisão de Biden de não punir o ditador saudita que esquartejou o jornalista Jamal Khashoggi.

Em suma, escreve Taibbi, “a transformação da falsa objetividade para a escancarada ortodoxia de partido único não foi um progresso”.

A reação chegou ao Judiciário, com um juiz defendendo que a Suprema Corte derrube a decisão do caso NYT vs. Sullivan, de 1964, que limita ações de autoridades contra a imprensa, por difamação.

Diz ele, no voto que deu nesta sexta (19), que causou apreensão:

"Dois dos três jornais mais influentes, NYT e WP, são praticamente publicações do Partido Democrata. E a seção de notícias do Wall Street Journal se inclina na mesma direção. A orientação desses três é seguida pela Associated Press e pela maioria dos grandes jornais do país (como Los Angeles Times, Miami Herald e Boston Globe). Quase toda a televisão, rede e cabo, é um megafone do Partido Democrata. Até mesmo a Rádio Pública Nacional, apoiada pelo governo, acompanha."

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