Correspondente da Folha na Ásia
Tradutora 'rouba a cena' no confronto entre China e EUA
Ela deu voz ao questionamento de Pequim à 'posição de força' arrogada por Washington; Caixin e WSJ temem escalada
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Não é Yang Jiechi, a maior autoridade em política externa no país, que vem ocupando noticiário e mídia social na China desde sexta.
Foi ele quem acusou longamente os colegas americanos, em encontro no Alasca, com uma frase em destaque: “Os EUA não têm qualificação para falar com a China de uma posição de força”. Não são mais fortes.
A frase em mandarim foi dele, mas quem a interpretou em inglês foi Zhang Jing. E é ela quem ocupa canais de notícia como Feng, jornais como South China Morning Post ou a plataforma Sina Weibo.
Nesta, segundo o site What’s on Weibo, a hashtag com o nome da tradutora alcançou 200 milhões de visualizações até domingo, com mensagens como “É meu ídolo” e “Ela também mostrou sua força”. Para o SCMP, “ela roubou a cena “.
No encontro, após ataques dos EUA, Yang respondeu por 15 minutos sem parar, falando duas mil palavras. Quando Zhang perguntou se podia traduzir, ele riu e disse que era "um teste" (acima, na transmissão). O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que ela merecia um aumento.
Perfis chineses resgataram fotos mostrando que o próprio Yang, que é do Politburo do PCC, começou como intérprete de Deng Xiaoping nos anos 1980, em conversas com George Bush, pai, entre outros.
NOVO NORMAL
No Caixin e no Wall Street Journal, a cobertura do encontro foi pessimista, com ambos avisando do risco, a partir de agora, de um “erro de cálculo” levar a conflito.
O enfrentamento aberto é o “novo normal”, avalia o financeiro chinês, e mostra que as duas potências não têm a mesma “percepção sobre seu equilíbrio de poder”, diz o americano.
TESLA POR HUAWEI
Durante o início do encontro, o WSJ noticiou que Pequim irá vetar o uso de carros da americana Tesla por militares e autoridades, por temor de “vazamento de segurança nacional”.
O dono da montadora correu a responder, em videoconferência com o governo chinês. Nova manchete no WSJ, “Elon Musk diz que Tesla não vai compartilhar dados com EUA”. Também no Caixin.
Musk até defendeu o TikTok, ameaçado por Washington, mas o jornal diz que o paralelo, na verdade, é com a Huawei.
MAIS UMA CHANCE
Manchete do New York Times ao longo do domingo, os EUA desperdiçaram “uma chance de vacinar o mundo” ao não pressionar suas farmacêuticas a “compartilhar o know-how”. Com isso, “Rússia e China prometem preencher o vazio”, inclusive no Brasil.
Mas Washington teria uma nova chance, com o anúncio próximo de que o governo vai “controlar patente que está no coração” das vacinas americanas.
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