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Paixões, desencontros, estabilidade e loucuras segundo Anna Virginia Balloussier, Pedro Mairal, Milly Lacombe e Chico Felitti. Uma pausa nas notícias pra gente lembrar tudo aquilo que também interessa demais.

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Depois do Susto, lontra Queda encontra amor com filhotão Guaçu no zoo de SP

Zoológico paulistano tem novo casal depois de permuta com um gavião em um cisne com criadouro do Paraná

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São Paulo

Primeiro eram o Susto e a Queda. Ele, a lontra macho, ganhou esse nome por ser todo assustadiço. Ela, a fêmea, era dura na queda. Foi derrubada sem querer por bombeiros que a resgataram e a levaram para o Zoológico de São Paulo. Ficou tudo bem, mas o apelido vingou.

Susto e Queda ficaram juntos por uma década. Mas ele desenvolveu um tumor. Madrugadas inteiras na UTI dos animais. Aí Susto morreu. Sua parceira ficou arrasada. "Era nítido que eles se amavam muito", conta Luan Henrique Morais, o gerente de manejo do setor de mamíferos do zoo.

Casal de lontras do Zoológico de São Paulo - Reprodução/Zoológico de São Paulo

Como é nítido que uma lontra ama muito a outra? É só reparar na intensidade das brincadeiras, diz o biólogo Luan. Uma coisa assim meio bruta, um pega-pega aquático que pode incluir mordidas traquinas.

Queda estava jururu. Ela, que sempre se alimentava tão bem, perdeu um tanto do apetite. Não se empolgava mais quando lhe eram servidas as porções de sempre, com peixe, camarão ou coração de frango. Luan sabia que não dava para deixá-la sozinha ou ela ia morrer, talvez literalmente, de tédio. "Fomos atrás de um machinho para ela."

Os animais podem chegar ao zoo por diferentes vias. Alguns são resgatados de situações de risco, por exemplo. Outros já nascem lá. A lontrinha que daria a Queda uma renovada vontade de viver veio de uma permuta com o paranaense Criadouro Onça Pintada, mantido por uma associação de preservação da fauna silvestre. O zoológico trocou um gavião e um cisne por Guaçu, segundo o biólogo da casa.
O novo morador chegou em 2021 e ficou um mês isolado, passando por uma bateria de exames para verificar se a saúde está zero bala para conhecer Queda. Era um filhotão corpulento, quase o dobro do tamanho da veterana, já uma senhora com seus 12, 13 anos.

A espécie vive cerca de uns 20 anos e tem, em média, um corpo peludo e amarronzado de 50 cm, mais uma cauda de 30 cm —mas tem bicho que chegue a 1,5 m de comprimento.

Guaçu e Queda dividem um tanque na alameda Lago do zoo, ao lado dos chimpanzés. Os técnicos do parque colocaram uma tela cortando o espaço nos primeiros dias, para os novos roomates se adaptarem. Vai que um não vai com a cara do outro.

Foram. Não de primeira, é verdade. Pelo menos da parte de Guaçu. "Ele ficava mais escondido, com medo", conta Luan. Quando removeram a grade que os separava, o macho fugiu por uns instantes. A fêmea persistiu, e deu certo. Já que é pra tombar, tombou: Guaçu e Queda caíram de amor um pelo outro.

Agora ele está entrando na maturidade sexual, e as brincadeiras do casal começaram a esquentar. "A gente vê no recinto sinais de cópula", diz o biólogo. "Alguns comportamentos reprodutivos: o macho persegue a fêmea e morde a parte de cima do pescoço, os dois abraçados girando embaixo d'água. E vimos os dois aparentemente copulando. É como se fosse cachorro, a fêmea coloca a cauda de lado e permite que ele a penetre."

Lontras, na natureza, costumam ser animais poligâmicos. A maioria dos mamíferos o é, "ao contrário das aves, que em geral formam casais para a vida toda", explica Luan. "Essa espécie, não. O comum é o macho só encontrar a fêmea na reprodução, depois ele sai, e ela fica com os filhotes."

Num ambiente restrito e controlado como o do zoológico, padrões comportamentais podem mudar. Inclusive o apego desenvolvido pelo único companheiro disponível. "Na hora de comer, vão os dois juntos. Dormem abraçadinhos para se proteger do frio, do vento", conta Luan. "A gente vê que eles se completam."

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