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Professor do curso de gestão de políticas públicas da USP, é doutor em filosofia.

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A responsabilidade do Google na desinformação

Inquérito do STF mostra que sistema de monetização da empresa financia a prática

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Reportagens recentes sobre o inquérito do STF que investiga os atos antidemocráticos mostraram que a Polícia Federal identificou um arranjo entre o governo e grandes canais bolsonaristas no YouTube: o Planalto entrega ou autoriza imagens exclusivas do presidente e os canais produzem reportagens e peças de propaganda "monetizadas" (jargão para descrever a remuneração por exibição de publicidade).

O arranjo estaria beneficiando canais como Foco do Brasil, Vlog do Lisboa e Folha Política. O maior desses canais, o Foco do Brasil (antigo "Folha do Brasil"), fez, entre março de 2019 e maio de 2020, US$ 330 mil, mais de R$ 1,7 milhão no câmbio atual. O Folha Política, veterano site de notícias hiperpartidário, convertido em canal de YouTube, declarou uma receita mensal de R$ 50 mil a R$ 100 mil (sendo que os operadores desse canal também administram outros canais grandes, como o Ficha Social).

Reportagens na imprensa e investigações da polícia e de CPIs ainda não puderam mostrar que a indústria da desinformação recebe financiamento relevante de empresários, mas mostraram que gabinetes de políticos contrataram serviços e empregaram alguns de seus operadores. O financiamento regular mais relevante, porém, permanece pouco discutido: os mecanismos de monetização do Google.

Os maiores canais no YouTube que alimentam a ideologia autoritária e populista do bolsonarismo recebem recursos pela monetização do Google: Foco do Brasil, Folha Política e Brasil Paralelo.

Os maiores sites de notícias ligados ao bolsonarismo também recebem receitas de publicidade pelo sistema Ad Sense do Google: Jornal da Cidade Online (terceiro site de notícias mais compartilhado no Facebook), Portal BR7 e News Atual.

A campanha Sleeping Giants, que busca "desmonetizar" a indústria da desinformação, optou por pressionar diretamente as marcas em vez de convencer o Google a suspender a monetização desses canais e desses sites: convenceu 700 marcas a retirar anúncios dos sites Jornal da Cidade Online, Conexão Política e Brasil sem Medo e convenceu cem anunciantes a deixar de financiar o canal de YouTube de Olavo de Carvalho.

O Google não é apenas uma operadora técnica e neutra do sistema de publicidade online. A empresa explora economicamente e fornece as receitas que fazem a máquina de desinformação rodar.
(Agradeço a Eduarth Heinen, Carolinne Pinheiro, Alexandre Siqueira e Sleeping Giants pelas informações que subsidiaram a coluna)

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