Siga a folha

Editado por Fábio Zanini, espaço traz notícias e bastidores da política. Com Guilherme Seto e Danielle Brant

Descrição de chapéu Folhajus

Brasil fica em segundo em ranking de ameaça a juízes na América Latina

Metade dos magistrados brasileiros relata esse tipo de situação; país fica à frente apenas da Bolívia

Assinantes podem enviar 5 artigos por dia com acesso livre

ASSINE ou FAÇA LOGIN

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Brasília

Pesquisa inédita mostra que o Brasil é o segundo país onde os juízes mais sofrem ameaças de morte ou à sua integridade física na América Latina. Metade dos magistrados relatam esse tipo de situação. Na Bolívia, que lidera o ranking, 65% já foram ameaçados.

Os dados fazem parte da pesquisa "Perfil da Magistratura Latino-americana", feita pelo Centro de Pesquisas Judiciais da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) em parceria com a FLAM (Federação Latino Americana de Magistrados) e com o Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas).

Imagens dos estragos causados por vandalismo no Edifício-sede do STF (Supremo Tribunal Federal ). (Foto: Carlos Moura/SCO/STF ) - Carlos Moura/SCO/STF

Os países com menos ameaças são o Equador, onde 21% relatam terem sofrido tentativa de intimidação, e o Chile, com 25%.

Ainda assim, de modo geral, a sensação de insegurança é comum nos 11 países que compõem a radiografia. No Brasil, 20% dos magistrados dizem se sentir totalmente seguros; 15% sentem-se totalmente inseguros. No Chile, por exemplo, 46% se sentem totalmente seguros e 16% o contrário. Na Bolívia, 3% sentem-se totalmente seguros e 42%, inseguros.

As soluções apontadas pelos magistrados também convergem. Em 7 das 11 nações pesquisas, os juízes acreditam em criar tribunais colegiados para os casos mais graves, de modo a evitar que recaia somente sobre um magistrado a responsabilidade pelos casos. No Brasil, 47% apontam essa como a melhor saída para o problema.

A blindagem dos veículos oficiais, escoltas e mudanças das sedes dos tribunais para áreas mais centrais das cidades também aparecem como alternativas.

Para a juíza Caroline Tauk, integrante do CPJ da AMB, os países investigados têm históricos de crimes que geram esse retrato comum, principalmente ligados ao tráfico de drogas e à corrupção.

"Esses crimes por vezes têm algum tipo de retaliação posterior em razão das decisões tomadas. Ficou bem claro que os juízes querem ter como segurança decisões colegiadas para evitar retaliações individuais", analisa.

Ela acredita, no entanto, que os brasileiros são mais ameaçados devido ao alto grau de independência do Judiciário nacional.

"Somos mais ameaçados porque investigamos muito. É um país que tem um Judiciário bastante atuante e, talvez por conta de sua atuação mais firme, que incomoda mais", avalia.

Ela destaca, no entanto, que isso não deve ser motivo para naturalizar as ameaças e sugere a implementação de políticas públicas que evitem seguir retroalimentando essa situação.

Ao todo, foram ouvidos 1.573 juízes de 16 país, porém, ao final, somente 11 delas constaram do relatório – Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, El Salvador, Panamá, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Brasil –, visto que para o restante não se obteve um quantitativo mínimo de respostas.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas