Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Programas de fidelidade querem impedir repasse de milhas

Empresas restringem quantidade de terceiros para quem se pode emitir passagens; disputas chegam à Justiça

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Filipe Oliveira

São Paulo

Os programas de fidelidade estão apertando o cerco contra o comércio secundário de milhas, uma prática crescente em sites que adquirem pontos de consumidores para transformar em passagens aéreas para terceiros.

A discussão chegou à Justiça. Em um caso, um cliente com mais de 3 milhões de milhas acumuladas no programa da Latam conseguiu uma liminar para reverter o confisco de seus pontos depois que ele os usou para comprar passagens para mais de 24 pessoas --limite definido pela companhia.

A companhia aérea disse, via assessoria de imprensa, considerar o comércio de pontos do LATAM Pass irregular e contra as regras do programa. "Os pontos acumulados são pessoais e intransferíveis, sendo expressamente vedada a cessão para terceiros."

A empresa afirma que os clientes que realizarem essa prática podem ser excluídos do programa.

1968 - A aviação comercial brasileira vive o apagar das luzes dos aviões a pistão, que estavam sendo substituídos pelos jatos turbo-hélice, mais rápidos, confortáveis e seguros. Na foto, um turboélice Viscount Vickers da Vasp. Reprodução/

1969 - A Vasp é a primeira companhia aérea brasileira a receber um Boeing 737, avião que popularizou as viagens domésticas com jatos. O modelo, que é o jato mais vendido do mundo, ainda frequenta a frota da Gol, que voa as versões atualizadas 737-700, 737-800 e o novíssimo MAX 8. Reprodução/

1973 - Transbrasil começa a servir feijoada em seu serviço de bordo em voos feitos às quartas e sábados. Acompanhavam torresmo de entrada e caipirinha como opção de bebida. Reprodução/

1976 - Inauguração da rota Rio Galeão Paris com o Concorde da Air France, avião supersônico que já havia pousado no Rio em 1971, quando foi lançado (foto). O voo tinha duração de seis horas, com escala em Dacar. Pela baixa ocupação, a rota foi encerrada seis anos depois. Folhapress/Folhapress

1979 - Serviço de bordo da Varig é eleito o melhor do mundo pela revista americana Air Transport World. O slogan da companhia era Varig, a forma elegante de voar. Os talheres eram de metal, os copos, de vidro, e na primeira classe era servido até caviar. Reprodução/

1980 - O primeiro Airbus, o A300 (foto), chega ao Brasil encomendado pela Cruzeiro (quando esta já era controlada pela Varig). Na época, a fabricante europeia era vista com dúvidas em um mercado dominado pela americana Boeing. Hoje, 3 das 4 companhias brasileiras Latam, Azul e Avianca voam com aviões Airbus em rotas domésticas e internacionais. Reprodução/

1981 - A Varig recebe seu primeiro Boeing 747, o Jumbo (foto). Foi a única brasileira a operar o 747, desativado pela companhia em 1999. Nos anos 1990, essa aeronave operou a linha aérea regular mais longa feita por uma companhia brasileira, que saía do Galeão e pousava em Hong Kong quase 24 horas depois, após escalas em Guarulhos, Joanesburgo e Bancoc. Wikimedia Commons/

1985 - Em janeiro, é inaugurado o aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos, que viria se tornar o maior terminal de passageiros do país. João Bittar/Folhapress/João Bittar/Folhapress

1992 - Reis na ponte aérea Rio-São Paulo por 16 anos, os Electra de Varig e Vasp são aposentados. Famosos por seus lounges de happy hour no fundo da aeronave e pelos canapés e uísque no serviço de bordo, são substituídos pelo Boeing 737. Folhapress/Cesar Itiberê

2001 - Governo federal implementa a liberdade tarifária, dando início à desregulação do preço das passagens aéreas. As tarifas já não eram totalmente fixadas desde 1989, mas ainda havia banda tarifária com valor mínimo e máximo. Caio Guatelli/Folhapress/Caio Guatelli/Folhapress

2006 - A queda do voo 1907 da Gol na Amazônia desencadeia o apagão aéreo, que dura cerca de um ano e expõe falhas estruturais do sistema aeroportuário brasileiro. 0728/Almeida Rocha / Folha Imagem

2007 - Agonizando desde o final dos anos 1990, com demissões em massa e aviões interditados, a Varig encerra suas atividades aos 80 anos e tem parte de suas operações vendida à Gol. João Wainer/Folhapress/João Wainer/Folhapress

2008 - O brasileiro-americano David Neeleman funda a Azul Linhas Aéreas, mais jovem companhia brasileira em operação. /Paulo Whitaker

2017 - Tem início a cobrança de bagagem em voos nacionais, reivindicação antiga das companhias aéreas e alvo de contestações por parte dos clientes e da Justiça . Diego Padgurschi/Folhapress/

2018 - Em fevereiro, a Gol é a primeira companhia brasileira a cobrar pela marcação de assento, medida que aos poucos é adotada pelas outras aéreas do país . FOLHA DE S.PAULO/Nogueira, Ricardo/TBA

O teto para compra de passagens deve baixar no futuro. A Azul decidiu que, a partir de 15 de janeiro, cada participante de seu programa só poderá comprar passagens para outras cinco pessoas, cadastradas previamente. A empresa diz ter feito isso para que os demais usuários não sejam prejudicados.

André Fehlauer, presidente da Smiles, diz que não recomenda a venda das milhas por questão de segurança, porque sites que fazem a operação de revenda pedem login e senha do consumidor no programa de fidelidade.

Uma avaliação de executivo do setor é que o mercado ficou inundado por milhas depois que parte das empresas passou a oferecê-las em excesso com promoções e permissão para compra ilimitada delas. Agora, com a saída da Avianca e aeronaves mais cheias, o comércio estaria incomodando mais as empresas aéreas.

Do lado das companhias que fazem negócios com milhas o argumento a favor desse mercado é que a milha propriedade do consumidor. Também afirmam que os programas se beneficiam da expiração de pontos quando os clientes não os usam dentro do prazo de validade.

Leia a coluna na íntegra aqui.

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