Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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A violência contra Adriane Galisteu

Apagar Adriane da vida de Ayrton Senna é escrever uma biografia distorcida e incompleta

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Todos os anos, quando a morte de Ayrton Senna é lembrada, a apresentadora Adriane Galisteu sofre as mesmas velhas violências. Negam a ela o direito à própria história. A imprensa fica recheada de reportagens que desencavam questionamentos sobre sua relação com o piloto, se foram namorados, se ela teve alguma importância em sua vida, alimentam a suposta rixa entre duas mulheres pelo trono de viúva.

Há fotos de sobra do casal na internet, relatos de amigos que atestam o romance. Senna não está mais aqui para confirmar ou não as mesquinharias alimentadas no imaginário das pessoas. Ainda que estivesse. Cada um de nós guarda as lembranças que escolhe de amores que já vivemos.

Ayrton Senna e Adriane Galisteu
Ayrton Senna e Adriane Galisteu - Matuiti Mayezo/Folhapress

Não tenho dúvida que para mim algumas das minhas experiências amorosas foram mais intensas, mais inesquecíveis ou mais tristes do que para aqueles homens que já amei. Assim, como sei que deixei marcas positivas e outras negativas por onde andei. Mas são minhas impressões, meus sentimentos, minhas saudades. Ninguém tem o direito de querer recontar a vida que escrevemos.

Apagar Adriane da vida de Senna em documentários, livros, entrevistas e homenagens é escrever uma biografia distorcida e incompleta, que falha ao capturar a autenticidade e a complexidade de um personagem tão importante e amado no país.

O que fizeram e fazem com Galisteu é abuso psicológico, uma tentativa rasteira de controlar e manipular sua memória, de influenciar a percepção que ela tem de si mesma e de um capítulo de sua vida. É gaslighting purinho negar, como fazem sobre seu namoro com Senna, ou distorcer, ao diminuir a importância da relação que teve com ele. Tanto faz se durou um ano ou um mês. Algumas relações de uma noite são mais profundas e deixam mais marcas do que outras que se arrastam por décadas.

A história está recheada de mulheres que viveram nas sombras, que tiveram sua autoestima destruída e perderam o controle e a autonomia sobre as próprias memórias. Foram reduzidas pelos companheiros ou pela sociedade ao papel de esposas ou de amantes, de discípulas ou auxiliares. Muitas sucumbiram à depressão, à esquizofrenia, ao suicídio. Que Galisteu jamais se apequene e se apodere de suas próprias lembranças.

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