Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Partido Novo revê uso do fundo partidário, e Amoêdo critica
Fundador da legenda afirma que se trata de uma questão ética
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Nos próximos dias, o partido Novo se prepara para rever um de seus pilares: a rejeição ao uso do fundo partidário. Mas terá de enfrentar as críticas de seu fundador João Amoêdo, que embora tenha se desligado da sigla, segue como referência para os eleitores que apoiaram a legenda em 2018.
Na terça (28), a convenção nacional do partido vai deliberar sobre o uso dos rendimentos do fundo, que gira em torno de R$ 1 milhão por mês.
Vai repensar também a remuneração dos membros dos diretórios, que hoje funcionam com voluntariado. Ambos os pontos eram repetidos como um mantra por eleitores e candidatos da sigla nas últimas eleições, desde que o Novo despontou em 2018 com a candidatura presidencial de Amoêdo e elegeu Romeu Zema governador em Minas Gerais.
Para Amoêdo, que se desfiliou em novembro passado dizendo que o partido foi desfigurado e se distanciou de sua concepção original, mudar os pilares do Novo neste momento é um erro.
"Me chama a atenção que os resultados foram ruins nas eleições e no número de filiados. Mesmo assim, querem remunerar uma gestão que teve resultado ruim. E usando dinheiro público. Quem vai votar a favor da remuneração são as próprias pessoas que serão remuneradas", diz Amoêdo. Segundo ele, a possibilidade de usar apenas o rendimento do fundo não mitiga o problema porque deveriam considerar a inflação.
"Esse sempre foi um valor do Novo e sempre foi visto como uma questão ética", diz o fundador.
Procurada pelo Painel S.A., a direção atual do Novo afirma que, hoje, a maioria dos dirigentes e mandatários é favorável às mudanças.
"O contexto político e eleitoral mudou muito desde quando o partido foi fundado, em 2011. O fundo partidário aumentou consideravelmente, as doações de pessoas jurídicas foram proibidas, as doações de pessoas físicas foram limitadas, e o fundo eleitoral, que nem sequer existia, corresponde hoje a uma cifra de quase R$ 6 bilhões. Todas essas mudanças tiveram impacto gigantesco nas últimas eleições, o que levou as lideranças do Novo a refletir sobre qual o grau de competitividade elas querem ter", diz a legenda, em nota.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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