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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

Descrição de chapéu Caixa Econômica Federal FGTS

Com crédito eleitoreiro, gestão Bolsonaro frustrou ganhos em R$ 300 milhões na Caixa

Técnicos do banco afirmam que medidas adotadas em plena campanha tiveram impacto nos resultados; funcionários devolveram participação nos lucros

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Brasília

O consignado e o microcrédito, duas medidas implementadas pela ex-presidente Daniella Marques em plena campanha eleitoral, frustraram ganhos da Caixa Econômica Federal no ano passado em cerca de R$ 300 milhões e isso penalizou os funcionários do banco.

Pessoas que participaram das discussões sobre os dois programas do governo Jair Bolsonaro afirmam que causaram impacto nas contas da Caixa. Cerca de 1,3 mil funcionários tiveram de devolver recursos pagos como PLR, a conhecida participação nos lucros.

Via assessoria, o banco informou que ainda não contabilizou esses números, mas nega que as medidas tenham gerado impacto no lucro do banco. A ex-presidente Daniella Marques não quis se manifestar.

A ex-presidente da Caixa, Daniella Marques - Edu Andrade - 26.abr.2022/ME

Esse grupo, formado por bancários em posição de chefia e executivos, devolveu quantias que variaram entre R$ 1 mil e R$ 10 mil em março deste ano, quando supostamente receberiam a segunda parcela do lucro projetado (a maior) em 2022.

Segundo advogados e técnicos envolvidos nesse acerto de contas, ajustes nos valores ocorrem com frequência, mas nunca na história da Caixa houve devolução de PLR pelos funcionários.

Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), a Caixa distribuiu R$ 1,2 bilhão em PLR e 92% dos funcionários receberam R$ 4 mil. O banco, no entanto, divulgou ao mercado pagamento de R$ 1,7 bilhão.

O TCU e a própria Caixa estão investigando o consignado oferecido para beneficiários do Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e o programa de microfinanças do banco.

Ambos foram implementados às vésperas das eleições de 2022 e, segundo a atual presidente do banco, Rita Serrano, "com um apelo excessivo ao endividamento da população vulnerável".

A inadimplência do programa de microfinanças ultrapassou 80%, e a maior parte das perdas será coberta pelo FGM (Fundo Garantidor de Microfinanças), que usa dinheiro do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

No período em que funcionou, o consignado movimentou R$ 7,6 bilhões para quase 3 milhões de clientes da Caixa. Nos microempréstimos foram R$ 3 bilhões para 3,9 milhões de clientes.

Em nota enviada após a publicação da reportagem, a Caixa informou que a inadimplência do consignado do Auxílio Emergencial se mantém sob controle, com desconto feito na fonte, enquanto a do Microfinanças conta com cobertura da maior parte das perdas pelo FGM.

O banco esclarece que o valor final da PLR do ano passado tem como base parâmetros previstos no Acordo Coletivo de Trabalho, no lucro líquido obtido e no atingimento das metas de indicadores da Caixa.

"Ressaltamos ainda que, de acordo com o ACT, foi previsto o pagamento de 50% do valor devido a cada empregado, a título de antecipação, realizado na folha de setembro de 2022", diz o banco. "O valor final da PLR é apurado deduzindo-se a antecipação ocorrida no ano passado. Desta forma, fez-se necessário acerto a débito de pequena parte do valor creditado."

A Caixa diz ainda que o acerto atingiu 1,5% do total de empregados, e não alcançou todas as funções gerenciais.

Com Diego Felix

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