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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

PT quer frente parlamentar para evitar sucateamento das Forças Armadas

Objetivo é discutir fontes de financiamento para renovação de frota e munições, além de fomentar a indústria bélica nacional

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São Paulo

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) busca assinaturas para criar a Frente Parlamentar da Indústria de Defesa. A meta é engajar os congressistas por medidas capazes de abrir perspectivas de financiamento para o setor e evitar o sucateamento das frotas e equipamentos das Forças Armadas.

O movimento ocorre no momento em que o presidente Lula e o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, buscam restabelecer relações após o envolvimento de militares de alta patente na tentativa frustrada de golpe de Estado hoje investigado com autorização do Supremo Tribunal Federal.

Blindados da Marinha passam em desfile pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília - Pedro Ladeira - 10.ago.21/Folhapress

O assunto é sensível porque, ao mesmo tempo em que o governo tenta criar mecanismos de estimular a indústria bélica nacional, precisa reequipar as forças que conspiraram para impedi-lo de assumir o poder.

Independente disso, o país precisa patrulhar mais de 500 milhões de km² de águas continentais, a chamada Amazônia Azul, e fronteiras sem que haja equipamentos e frotas para isso.

Diante das restrições orçamentárias, o pagamento de financiamento pela compra de aeronaves, como os modelos da sueca Gripen, ficam atrasados e, segundo pessoas envolvidas na execução dos contratos, o país é obrigado a esperar um ano a mais pela entrega a cada atraso nas parcelas do pagamento.

A carteira de contratos atualmente soma US$ 105 bilhões com compromissos de pagamentos que se estendem por 17 anos. Para se ter ideia, o Orçamento anual da Defesa gira em torno de R$ 124 bilhões, cerca de 1% do PIB. A maioria desses recursos (78%) custeia pessoal.

Recentemente, dois aviões foram entregues para a Força Aérea Nacional e, devido à demora, houve uma defasagem tecnológica que exigiu a entrega junto com peças para reposição.

Outro problema é o financiamento à indústria bélica nacional que, atualmente, depende quase que integralmente das exportações.

Segundo o deputado Zarattini, a frente parlamentar vai aproveitar o gancho das novas diretrizes da política industrial de Lula para encontrar fontes de custeio que não dependam do Orçamento.

Devem entrar no radar temas como a partilha de royalties do petróleo, da mineração e a venda de imóveis das Forças Armadas em desuso.

Também se avalia uma forma de "carimbar" recursos do Orçamento para a Defesa, como é feito atualmente na educação e na saúde.

Essa ideia, no entanto, é difícil de ser executada diante das restrições até para gastos essenciais.

Zarattini, no entanto, descarta essa possibilidade. Afirma que o Orçamento já está comprometido com gastos obrigatórios e o governo ainda cumpre com o pagamento de emendas parlamentares obrigatórias.

"Conseguir aprovar uma coisa dessas para a defesa é o sonho de alguns, mas não vai se realizar agora. Temos muitas restrições orçamentárias com o arcabouço fiscal e as emendas parlamentares cresceram muito, então fica difícil ter mais obrigatoriedade no Orçamento", disse o deputado.

O petista afirma que a proposta é rever o setor de estratégia e evitar o que chamou de "firula" dos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, em que os militares tiveram aumentos salariais, porém os investimentos em armamento foram escanteados.

Com Diego Felix

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