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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Clássico espanhol na hora do Brasileiro pode afastar jovens dos times nacionais

Jogo do Barcelona e Real Madrid será a atração, com duelo de Messi contra Ronaldo

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Barcelona e Real Madrid terá o pontapé inicial às 15h45 deste domingo (6). Quinze minutos mais tarde, o Brasileiro dará início a quatro de seus jogos mais importantes: Atlético-PR e Palmeiras, Flamengo e Internacional, Cruzeiro e Botafogo, Vitória e Fluminense.

O maior jogo do planeta na hora do Brasileiro continua sendo a chance de milhões de meninos nascidos aqui trocarem a paixão de seus pais por um time da Europa.

Garoto torce pelo Corinthians em jogo contra o Atlético-PR, válido pelo Campeonato Brasileiro - 09.jul.2015 - Ale Frata/Codigo19/Folhapress

Desta vez, a sorte ajudou o Brasileiro, porque o Espanhol está decidido. Mesmo assim, Barcelona e Real será atração. Porque é o duelo de Messi contra Ronaldo... porque o Barcelona tenta ser o primeiro campeão invicto da Espanha em 86 anos... porque o Real se recusa a fazer o pasillo, o corredor formado pelo primeiro adversário do campeão antecipado, para aplaudi-lo.

A linda homenagem, tradição desde que o Athletic Bilbao bateu palmas para o Atlético de Madrid em 1970, será negada pelo Real, porque Zidane incomodou-se pelo Barcelona não o ter recebido assim depois do Mundial. A tradição não inclui títulos internacionais, só espanhóis.

Na Inglaterra, se Barcelona e Real fosse no sábado, não poderia ser transmitido por nenhuma emissora de TV.

É reserva de mercado. Nem jogos do Inglês passam na TV no sábado à tarde, porque os jogos de todas as divisões acontecem nesse horário. A proibição é o jeito inglês de levar gente aos jogos de seus clubes, em qualquer situação.

A segunda divisão inglesa tem média de 20 mil espectadores por jogo. O Brasileiro, 16 mil.

Essa regra não se deve aplicar aqui. Seria ditatorial. Mas a preocupação com a concorrência é justa. Há anos, discutimos por que os adolescentes usam camisas de times estrangeiros e não dos brasileiros.

Nem todos os que usam camisas desses times torcem por eles, mas muitas crianças começam a criar vínculo com os clubes de fora. E que diferença há entre torcer pelo Flamengo, morando em Manaus, ou pelo Barcelona, vivendo em São Paulo?

A televisão encurta a distância, e o clássico mais importante do mundo, no século 21, disputado na hora dos jogos do Brasileiro, aumenta o grau de separação entre o menino barcelonista, o garotão madridista, e a chance de ele torcer pelo Palmeiras ou pelo Flamengo.

Há esperança e ela não é bloquear as transmissões de TV, como se faz na Europa.

A recente pesquisa Datafolha sobre as maiores torcidas do país não identificou volume considerável de fãs nem do Real, nem do Barcelona, nem de outro grande clube europeu.

Os índices ainda indicam que as maiores torcidas são de Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Vasco, Cruzeiro, Grêmio, Santos, Internacional, Atlético-MG, Fluminense e Botafogo, nesta ordem – à parte os empates técnicos.

Verdade que a maioria das pesquisas de torcidas, depois de a revista Placar encomendar a primeira ao Instituto Gallup, em 1983, são caronas de enquetes eleitorais. Isto dificulta identificar se quem torce pelo Remo e pelo Flamengo é mais remista ou rubro-negro, se quem vive no norte do Paraná torce pelo Londrina contra o Corinthians.

Essa resposta só virá no dia em que a CBF encomendar uma pesquisa sobre o perfil de quem vê e de quem não se interessa por futebol. Ainda que muita gente assista neste domingo (6) a Barcelona e Real e não vá ao estádio para ver os jogos do Brasileiro, o maior perigo —e a grande oportunidade— está em outro número da pesquisa Datafolha: 26% da população não torce por time nenhum.

Esse dado pode mudar tudo, no dia em que o Brasil for o país do torcedor de futebol.

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