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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

Descrição de chapéu Copa América

Fazer Brasil jogar como Brasil dará trabalho e mais prazer

Tite disse, repetidas vezes, que deve ser cobrado por boa atuação da seleção, e não pelo resultado

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O Brasil saiu de campo no sábado (22) orgulhando-se de ter o melhor ataque da Copa América (8 gols), a defesa menos vazada (0), o melhor índice de posse de bola (68%), o recorde de troca de passes (610 por partida) e a segunda média de finalizações (18). Falta terminar a rodada para ter certeza e tudo parecerá ilusório em caso de derrota nas quartas de final. Não há dúvida, no entanto, de que Tite tem uma carta de intenções.

Repetidas vezes, o treinador declarou que deve ser cobrado por jogar bem. Não pelo resultado. O compromisso é fazer o Brasil jogar como Brasil. No ataque, envolvente, finalizador e vencedor. “É a maneira que escolhemos. Vamos ganhar e perder, mas do modo como escolhemos”, diz Tite.

Gabriel Jesus pula sobre Roberto Firmino para comemorar o gol do jogador, o segundo do Brasil contra o Peru - Miguel Schincariol/AFP

Esta última frase, pinçada de sua entrevista coletiva, depois de vencer o Peru, retira de foco a surrada palavra “e-qui-lí-brio”, tantas vezes atribuída a Tite da maneira como aqui foi escrita, sí-la-ba a sí-la-ba.

Jorge Valdano, atacante campeão do mundo pela Argentina, técnico campeão espanhol pelo Real Madrid e colunista do diário espanhol El Pais, ironiza a utilização dessa expressão.

Diz que os comentaristas sul-americanos costumam atribuir com generosidade esta qualidade a equipes que se defendem com dez jogadores e atacam com um mísero avante. Se estivermos diante de time que ataca com seis, alguém definirá como desequilibrado taticamente.

“Supõe-se que equilíbrio é uma boa compensação da segurança com o risco”, diz Valdano.

Das seleções da América do Sul, Chile, Colômbia, Uruguai e Brasil são as que mais se aproximam disso. Mas o índice de passes indica que a seleção de Tite arrisca mais, mesmo sofrendo apenas 2 gols nas 13 partidas depois da Copa do Mundo.

Esse risco assumido não se transforma sempre em pressão no adversário, quando times “equilibrados”, como Valdano define ironicamente, defendem-se com dez.

Há cada vez mais momentos em que o futebol se parece com o basquete. Não o da NBA, não de Toronto e Golden State, dos arremessos de 3 pontos, mas do jogo de pivô, que volta ao armador e passa pelos alas, sempre em busca da inversão do lado da jogada para permitir ao melhor chutador a chance de fazer a cesta.

Uma fotografia da seleção da Venezuela, posicionada com dez homens num espaço de 12 metros, intrigou o lateral Filipe Luís.

Foi difícil para ele responder a duas perguntas: “Como se sai disto? E como os adversários do Atlético de Madri conseguem sair?” Disse que os rivais do Atleti variam, alguns com dois atacantes, outros com um só. Depois, disse que a arapuca defensiva exige triangulações, superioridade numérica e drible.

Só que não adianta tentar driblar quando o atacante estiver contra três defensores. Daí o passe ter de ser rápido, como os deslocamentos. Inverter o lado da jogada com velocidade é uma saída.

Outra é escolher outro estilo para jogar. Recuar a marcação e contra-atacar. O Brasil não pode e nem deve fazer isso jogando em casa. A França pode. Na Rússia, teve o 16º índice de finalizações e troca de passes.

Vai dar muito mais trabalho, mas também pode dar mais prazer, construir um Brasil que jogue como Brasil, do que ser campeão do mundo jogando como a França.

Venezuela com dez defensores em doze metros - Folhapress
Brasil se abre com Daniel pela direita e Éverton à esquerda - Folhapress

ATUALIZAÇÕES

Diferentemente do que disse a coluna de domingo (23), em que faltou contabilizar os 2 últimos gols contra o Peru, o Brasil marcou 33 gols depois do Mundial e 3 de fora da área. O de Willian no sábado (22) e dois de Éverton, contra Bolívia e Peru. Um terço dos gols nasce de jogadas de faltas e escanteios. 

OLHO NO CHILE

A seleção chilena parece envelhecida, mas tem jogadores especiais. Aránguiz é o melhor da Copa América e líder de passes para gols (3). Se vencerem os uruguaios, os chilenos terminarão a fase de grupos com 100% dos pontos conquistados. Ganharam a Copa em 2015 com Sampaoli e 2016 com Pizzi.

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