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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Brasil tem primeira boa atuação depois da Copa do Mundo de 2018

Antes, a seleção de Tite era o time que mais chutava errado

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O Brasil chutou 5 vezes nos primeiros 30 minutos de jogo e fez 3 gols. Todos os chutes foram no alvo. Antes de sua melhor atuação na Copa América, contra o Peru, a seleção de Tite era a segunda no ranking de finalizações e nona em tiros certos. Era o time que mais chutava errado.

Mudou com Everton Cebolinha. Depois da Copa do Mundo, o Brasil marcou 33 gols e só 3 de fora da área. Dois do atacante do Grêmio e um de ​Willian. A atuação de Everton mostra que quem joga no país pode ter nível internacional.

Mesmo assim, é importante lembrar dos 10 minutos iniciais, em que o Peru aproveitou o excesso de passes errados da seleção. O Brasil não estava bem, quando Daniel Alves chutou e ganhou escanteio que, cobrado por Coutinho, resultou no gol de Casemiro.

Homens de amarelo e branco em gramado
Casemiro marca o primeiro gol do Brasil contra o Peru, pela Copa América, em Itaquera - Amanda Perobelli/Reuters

A seleção não havia jogado bem nenhuma vez depois da eliminação contra a Bélgica. Agora é justo considerar a primeira boa atuação. A seleção peruana não é forte, mas mantém a mesma base e a mesma comissão técnica há quatro anos. O quarto gol, de Daniel Alves, foi lindo.

Mas ainda há muito a crescer.

Deve-se discutir a atuação de Tite, seu filho como assistente, relativizar suas 31 vitórias em 39 jogos, mas há questões alheias à comissão técnica.

Há oito anos, o Brasil disputou a Copa América da Argentina com Neymar, aos 19 anos, Pato e Ganso aos 21. Eram as estrelas.

Não se ganha um torneio sul-americano assim. Nem Pelé ganhou. Em sua única participação, tinha 18 e foi vice-campeão.

Havia razões para os garotos serem o esteio do time. Estavam sendo preparados para a Copa de 2014 e a geração de Adriano e Ronaldinho Gaúcho tinha desistido de jogar em alto nível. Oito anos depois, o ataque do Brasil depende de David Neres (22), Richarlison (22), Gabriel Jesus (22) e Everton (23).

Foi diferente quando Zico foi convocado e havia Rivelino, quando Careca chegou à seleção cercado de Zico e Sócrates, Ronaldo estreou com Romário e Bebeto por perto, Ronaldinho Gaúcho cercado por Rivaldo e Ronaldo. É preciso haver renovação, não rompimento.

Todas as grandes crises da seleção aconteceram em momentos de transição sem planejamento. Ganhar a Copa América de 1989 parece ilusório, hoje, por causa do fracasso de 1990. Mas perdê-la poderia queimar a geração de Bebeto e Romário.

O risco agora é perder e julgar que nada serve. Melhor lembrar que a França desabou na final da Euro em Paris, contra Portugal, e dois anos depois foi campeã do mundo.

A Copa América

Jorge Valdano escreveu para o El País a mais precisa análise da Copa América, ao dizer que o continente virou satélite da Europa. Mas este não é problema de hoje. Nasceu quando Jean-Marc Bosman ganhou ação na corte europeia e terminou com o limite de estrangeiros nos clubes europeus.

Quando se fala do nível técnico da Copa América, não é novidade haver jogos mais guerreados do que jogados. Um convite a assistir os teipes e reler colunas de opinião sobre os torneios de 1987, 1989, 1991, 1993, 1995, 1997... Os jogos nunca foram elogiados.

Basta lembrar de como foi criticada a seleção de Dunga na conquista de 2007 ou se recordar de Zagallo gritando que iam ter de engoli-lo, depois de vencer em 1997. Uma coisa é exigir a recuperação do futebol do continente. Outra coisa é perder a memória.

Isto vale em relação ao índice de público. Nos EUA, havia 46 mil por jo go. Um sucesso. No Chile, quatro anos atrás, houve 25 mil de média. A boa presença em Itaquera eleva a o índice atual a 27 mil por partida.

Há 30 anos, a Copa América teve média de 33 mil, mas a primeira fase não passou de 16 mil, com ingressos a US$ 5. Hoje, paga-se caro. A fase de grupos tem mais gente nos estádios.

Erramos: o texto foi alterado

O Brasil marcou 33 gols depois da Copa do Mundo de 2018, e não 31. Desse, 3 foram de fora da área, não 2. O texto foi corrigido.

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