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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

O dia em que conheci Pelé ilustra a sua realeza

Rei do Futebol chega aos 80 anos nesta sexta-feira (23)

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Pelé marcou visita à Vila Belmiro às 17h de uma quinta-feira, em 1992, com a missão de procurar a taça de campeão mundial interclubes, que havia desaparecido da sala de troféus do Santos. Seria matéria da revista Placar, agendada por Celso Unzelte.

Cheguei à Vila com o repórter-fotográfico Nelson Coelho com uma hora de antecedência e nem foi preciso esperar pelo Rei. Pontualmente, ele estacionou o carro às 17h.

Caminhou até o portão, encaminhou-se para o saguão e já ia entrando no antigo e estreito elevador da Vila Belmiro quando um senhor, de mãos dadas com a filha, disse ao Rei: “Pelé! Ela quer muito seu autógrafo".

Vendo os olhos arregalados do pai santista, o Rei abaixou-se, perguntou seus nomes, beijou a garotinha, escreveu seu nome na camisa e só então entrou no elevador.

Na inspeção à bagunça da sala de troféus do Santos naquela época –hoje existe o delicioso Memorial das Conquistas–, o Rei se chocou com o desaparecimento do troféu. Anos mais tarde, o clube pediu ao São Paulo o empréstimo da taça para fazer uma réplica.

Jovem repórter, telefonei para meu pai naquela noite, só para dizer: “Hoje conheci Pelé".

Não sei quem cunhou a expressão “eubituário”, sobre quando se vai homenagear uma pessoa após sua morte e acaba homenageando a si mesmo. Se cometi esse pecado nesta homenagem de aniversário, peço perdão. O dia em que conheci Pelé só está aqui descrito porque ilustra a realeza.

Pelé comemora seu gol na vitória da seleção brasileira sobre a Tchecoslováquia, por 4 a 1, no Estádio Jalisco, em jogo válido pela primeira fase da Copa do Mundo de 1970, em Guadalajara, no México - Xinhua - 3.jun.70/Pictures USA/Zumapress

Pelé não precisava sair de sua casa para investigar onde estava a taça desparecida e teve a generosidade dos anjos quando se abaixou para acariciar a menina.

Ser Rei é completar 80 anos e passar 60 deles ouvindo que Di Stéfano, Maradona, Cruyff ou Messi podem ter sido maiores do que Pelé. A referência sempre é Pelé.

A busca por técnicos

Não é que faltem opções para contratações de treinadores, quando se abre o leque para o mundo, como fizeram Palmeiras e Vasco. Mas as procuras evidenciam que se busca a boa repercussão, a aceitação dos conselheiros, torcedores e das redes sociais.

O Palmeiras tentou Miguel Ángel Ramírez por causa da filosofia. Ramírez tem espelhos em seu país natal, como Quique Setién, oferecido ao Palmeiras. “Quique Setién é uma de suas referências em ideia e estilo de jogo. Miguel estava nas divisões inferiores do Las Palmas, quando Quique estava lá. São muito distintos na personalidade”, diz um dos assessores de Ramírez.

Umas das possíveis resistências ao espanhol é o fato de ter levado 8 a 2 do Bayern.É sabido que havia problemas no Barcelona alheios ao comando de Setién, mais vinculados à falta de liderança do presidente Josep Bartomeu.

Todo treinador terá seu calcanhar de Aquiles. O de Gabriel Heinze é não ter classificado o Vélez para a Libertadores. Até mesmo Ramírez tem o pecado de ganhar poucos jogos como visitante. Na campanha do título da Copa Sul-Americana, só ganhou do Corinthians fora de casa.

O artigo mais raro de se encontrar não é o bom treinador. É a convicção dos dirigentes.

Mais raro ainda é um clube que monitore treinadores, para definir o próximo antes que seja necessário.

Enquanto desmoraliza o VAR, com confissões de erros em vez de análises públicas semanais, o Brasil corre o risco de desmanchar também a ideia dos técnicos estrangeiros.

Campeão da Copa da Alemanha pelo Schalke, fundador do RB Leipzig e consultor do Bragantino, o técnico alemão Ralf Rangnick disse ao El Pais, nesta semana: “Um clube precisa ter identidade de jogo e defendê-la quando os resultados não forem bons".

Está mais fácil apenas contratar um técnico com sotaque.

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