Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.
Releitura tática dá o tom neste Brasileiro
Não se trata de ser inovador; trata-se de ser inteligente
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Se Guardiola é o melhor do mundo em releituras táticas, como descreve o escritor Martí Pernarnau, autor dos livros sobre os trabalhos de Pep no Bayern e no Manchester City, Dorival Júnior reinventa um estilo brasileiro dos anos 1990.
A reação do Flamengo, seis vitórias nos últimos sete jogos, tem o losango de meio-campo como desenho e De Arrascaeta como protagonista: "Eu seguro quatro jogadores na última linha, mantenho dois atacantes e tenho Arrascaeta sempre nas costas dos volantes adversários".
Dorival Júnior explica assim a adoção deste sistema, em que um volante protege a defesa e dois apoiadores se juntam ao ataque, com funções defensivas claras. Era como jogavam os principais times do Brasil no final da década de 1990 e no início do século 21.
Do Palmeiras, de César Sampaio, Mazinho, Zinho e Edílson, até o Santos campeão brasileiro de 2004, com Fabinho, Preto Casagrande, Ricardinho e Elano.
O sistema não é a razão do sucesso, mas escolher as melhores funções, para os principais jogadores, pode levar ao êxito.
Fernando Diniz e Rogério Ceni mostram outras reinvenções. O São Paulo cresce com o modelo de três zagueiros, que protegia o goleiro Rogério nas campanhas dos tricampeonatos brasileiro e mundial, entre 2005 e 2008. Mas enfrentou Diniz num 4-4-2.
O Fluminense vai mais longe. À parte o empate no Morumbi, com mais posse de bola e finalizações, Diniz corrige abusos do passado e mantém sua estratégia mais surpreendente.
A correção é preferir a saída de jogo pelos lados e menos pela faixa central, setor em que um erro pode deixar o adversário de frente com o gol.
O acerto é sua teia de aranha, com quatro a seis jogadores perto da bola, sempre em maioria, para dificultar a marcação. Ou o São Paulo se permitia ficar em inferioridade numérica –quatro marcadores contra seis atacantes– ou congestionava o lado da jogada e desguarnecia o setor contrário.
Zico relata o início da década de 1980, de supremacia rubro-negra, como um período em que o rival era o Vasco e o adversário mais difícil, o Fluminense. Porque o Flamengo marcava a saída do oponente com os quatro atacantes pressionando o lado em que a bola estava. O Tricolor tinha dois laterais de passes longos e precisos, Edevaldo e Rubens Galaxe. Num toque, invertiam da direita para a esquerda e abriam um imenso corredor vazio.
O Fluminense de Diniz é capaz de fazer o mesmo. Prefere costurar a defesa rival, com passes curtos e quatro a seis atletas perto da jogada. Como opção, dá dois toques e troca o lado, como fez no terceiro gol dos 4 a 0 sobre o Corinthians, duas semanas atrás.
Nem o losango de Dorival Júnior nem as viradas de jogo do Fluminense são inovações. Assim como a pressão para ter a posse de bola não é invenção de Guardiola, que a aprendeu com Johan Cruyff, que a conheceu com Rinus Michels.
Não se trata de ser inovador. Trata-se de ser inteligente.
Nem todos os jogos vão ser bonitos de se ver, mas alguns dos mais belos foram do Fluminense. O time mais forte e maior candidato ao Brasileiro é o Palmeiras, mas o Flamengo subiu de produção e pode ganhar a Libertadores.
No Brasil, o nível tático está crescendo.
A vaca e a árvore
O Corinthians não saiu da disputa pelo título brasileiro, mas a derrota para o Ceará o coloca numa posição mais parecida com a previsão inicial. Os desfalques continuam sendo seu maior deficit. Com todos os jogadores à disposição, Vítor Pereira pode vencer mata-matas.
O medo das redes
A informação de que um dos nomes cotados no Santos é Guto Ferreira causou repercussão negativa nas redes sociais e medo dos dirigentes santistas, especialmente do Conselho Gestor. Pode-se contratar ou não por convicção. Por medo das redes sociais, não é profissional.
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