Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.
Ação de Bolsonaro na educação exige uma reação à altura
Gestores aloprados e cruzada contra universidades mostram a real balbúrdia
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Dado o conjunto de equívocos e trapalhadas, mal não faria se Paulo Guedes acrescentasse a privatização do Ministério da Educação à sua lista do Estado minimalista.
O que tem sido feito até aqui lembra um elefante em loja de cristais. A ideia é que não sobre caco sobre caco. O primeiro ministro, Ricardo Vélez, ao menos tinha a qualidade, nesse caso, da inação —mas sua reinação foi breve. O substituto, Abraham Weintraub, comunga dos mesmos ideais. A diferença é que representa maior ameaça de realizá-los.
Não fosse a massa silenciosa de técnicos, o colapso já teria se instalado.
O que Bolsonaro e seus ideólogos produziram até agora? Cartas patéticas a escolas, reedição de tacanhices da ditadura, esvaziamento de mecanismos de avaliação, menosprezo pelas ciências humanas, revisionismos históricos sem pé nem cabeça, estímulo às obscurantistas Escola sem Partido e educação domiciliar.
Uma postura anti-intelectual que afeta toda a gestão, vide o desmonte do imprescindível Censo 2020.
Agora, tenta-se asfixiar financeiramente as universidades federais —disparadas, as melhores do ensino superior, em todos os rankings.
Em um vídeo, Weintraub tentou explicar por que usou o termo balbúrdia para se referir não ao próprio gabinete, mas a universidades. Para ele, ou investimos no ensino básico ou no superior. Se a moda pega, em breve o ministro da Saúde irá às redes: “Maternidades ou leitos de UTI? Combate à dengue ou ao sarampo?”
No vídeo, Weintraub pergunta: “O que você faria no meu lugar?”. Por assumida incompetência, eu pegaria meu boné e iria ostentar minha petulância e despreparo em outro canto.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do “esquerdopata” DEM, criticou bandeiras bolsonaristas para a educação, em artigo no jornal Valor Econômico —o que dá a esperança de que talvez seja possível evitar a reedição das Invasões Bárbaras.
É preciso que a lucidez, da direita à esquerda, reaja a tempo. A longo prazo, isso será muito mais importante do que qualquer reforma.
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